segunda-feira, 6 de novembro de 2017

AINDA A GLOBALIZAÇÃO





Em post anterior, anotei o sentido do debate entre Brad DeLong e Dani Rodrik sobre os rumos da globalização, hoje algo encalhada por efeito dos populismos à direita e à esquerda.

Nunca escondi neste blogue a minha predileção por uma via mais reformista do entendimento a dar à globalização e ao seu rumo, acaso seja possível estancar sem danos relevantes esta onda populista.

A obra que Rodrik acaba de publicar constitui um bom exemplo do argumento do reformismo, agora mais necessário e não tão facilmente ignorado ou desvalorizado nos tempos que correm.

O economista americano de origem turca enquadra bem as razões para as dificuldades de afirmação da via reformista. Quando surgiram os primeiros contributos, entre os quais os do próprio Rodrik, que apontavam a necessidade de corrigir e emendar o rumo que a globalização estava a assumir, o principal argumento dos que rejeitavam tomar partido e dar alento à via reformista era a seguinte: fazê-lo equivaleria segundo tais perspetivas a oferecer argumentos aos “bárbaros” (expressão de Rodrik), ou seja aos inimigos da globalização e campeões do protecionismo e processos similares. Tais grupos de opinião preferiram tomar partido por processos conduzidos em função dos interesses das empresas globais, em vez de criar condições para uma gestão mais equilibrada do ponto de vista dos interesses a proteger da globalização.

Esse argumento viria a revelar-se fatal. Não se deu espaço à via reformista e as sombras do protecionismo populista irromperam com força, tomando de assalto o processo.

A obra de Rodrik situa esse paradoxo e sistematiza argumentos para uma gestão mais criteriosa da globalização, devolvendo ao comércio internacional um novo racional que incorpore temas como o da proteção do mundo do trabalho e da sustentabilidade. Pode ser que desta vez os argumentos tenham um outro eco. Apesar de constituir uma oportunidade para Rodrik reunir textos dispersos, incluindo as suas crónicas no Project Syndicate (link aqui), a sua reunião numa única obra é uma boa forma de sistematizar a visão reformista. Por isso, a assinalamos neste espaço.

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