(Carles
Puigdemont está transformado numa espécie de vira-vento político. Não havia
necessidade. Outros personagens não menos radicais não fizeram prova de tanta
instabilidade. O líder da
Generalitat terá desbaratado uma grande parte do apoio popular independentista,
estando o Pd de Cat remetido para um quarto lugar nas sondagens mais recentes.
Sondagens que sugerem que o pós 21 de dezembro corre o risco de ser ainda mais
intenso em termos de negociações para a formação de um novo governo regional, o
que não deixa de ser irónico)
Os líderes
independentistas têm tentado por vias não igualmente dignas passar pelos pingos
da chuva da justiça espanhola em busca da sua liberdade. Desde alguns invocarem
que, afinal, a declaração unilateral de independência foi apenas um ato
simbólico, logo para não levar a sério, caso de Carmen Forcadell que liderava o
Parlamento, até à fuga algo rocambolesca de Puigdemont para Bruxelas houve de
tudo um pouco. Oriel Junqueras da Esquerda Republicana (que se anuncia como a
formação política mais votada) permanece na prisão e tem demonstrado pelo menos
mais coerência do que alguns dos “compagnons
de route” para o abismo.
O caso de Puigdemont é
algo de muito sério em termos do diz e desdiz enquanto se esfrega um olho.
Depois de ontem ter arremetido contra a fraqueza das instituições europeias, o
que levaria o “supremacismo” catalão a um grau insuportável, hoje já veio
reconsiderar e apresentar-se como sendo a virgem europeísta mais cândida e
convicta deste mundo. Não é de esperar a tal grande receção que o próprio
ambicionaria se algum dia decidir pisar de novo o solo catalão. A vinheta da
Voz de Galicia tem a virtude de invocar o non
sense de Groucho Marx como a única via para compreender esta gente.
Não antevejo que nestes
praticamente 20 dias que distam do ato eleitoral de 21 de dezembro, a relação
de forças se altere profundamente de modo a viabilizar facilmente uma solução
política de boa-fé. A minha grande interrogação continua a ser o modo como a
direita rica e abastada da Catalunha, largamente influenciadora da tal posição
de supremacia que os catalães têm evidenciado face à restante Espanha, irá
reagir quando confrontada com o muro em que bateu. Essa supremacia latente o
que quer significar no fundo é a sua ausência de vontade de participar no
processo redistributivo com regiões espanholas menos desenvolvidas. Batendo no
muro do 155, qual vai ser o seu posicionamento futuro. Será que terão a
habilidade para tentar um acordo fiscal à “basca”?
Até lá o non-sense dos
irmãos Marx talvez nos ajude a compreender a situação.
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