sábado, 18 de novembro de 2017

SIMPLESMENTE ALDINA




(O “Quando se ama loucamente” de Aldina Duarte é um grande disco, a demonstração de quem esteve durante este tempo distraído e não se apercebeu do vulto enorme que a fadista representa no fado elaborado tem agora a grande oportunidade para se redimir; um disco em que o espirito complexo de Maria Gabriela Llansol o atravessa e não apenas nas palavras ditas por João Barrento)

Este vosso amigo chegou à voz e à obra de Aldina Duarte pela pena criativa de Eduardo Prado Coelho e nunca mais deixou de a seguir, embora com exceção da sua passagem pela Casa da Música nunca a tenha ouvido no coração de um ambiente genuíno de fado. Mas cedo percebi a força interior daquele vulto de mulher, carregando uma força que não é comum e sobretudo revelando uma capacidade notável de problematização da sua vida, da sociedade que a criou, dos seus afetos e desamores. A Aldina devemos a chegada ao fado de letristas poetas de grande dimensão como é, por exemplo, Maria do Rosário Pedreira. A Aldina devemos a autenticidade. E, agora, a partir do “Quando se ama loucamente” a Aldina letrista e que sensibilidade (link aqui).

Quem se lembraria de fazer atravessar um disco desta natureza com a invocação de uma das mais enigmáticas, complexas, mas também estimulantes escritoras portuguesas, Maria Gabriela Llansol? Não sei se o mercado retribuirá nas vendas esta coragem, esta audácia criativa. Talvez seja areia de mais para o mundo mais corrente do fado. Mas que é um marco no fado contemporâneo, disso não tenho dúvidas.

Para ouvir no mais completo silêncio, se é coisa que exista nos tempos de hoje.

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