Devagar, devagarinho, o país construído pelos meios de comunicação social portugueses (leia-se lisboetas) vai sendo levado a desconstruir a santificada auréola que Rui Rio soube conseguir que colocassem sobre a sua cabeça, largamente à custa de teimosia em demasia, de falta de cultura com fartura e de ataques fáceis e cirúrgicos ao FC Porto quase sempre a torto.
Um dos nossos bons jornalistas, Filipe Santos Costa, ilustrava-o há dias de modo bastante exemplar a propósito da leitura que se lhe impôs por razões profissionais da biografia do ex-autarca do Porto feita pelo seu shrink, um tal Carlos Mota Cardoso (foto acima) – cito: “Foi, confesso, a leitura mais penosa que fiz em muito tempo. É uma espécie de biografia, e uma espécie de retrato psicológico, e uma espécie de declaração de amizade e admiração a escorrer baba. É parecido com os relatos das vidas dos santos, com a diferença de que já nem as vidas dos santos são escritas em termos tão laudatórios.” E ainda: “Num dos capítulos finais, lê-se isto: ‘Rio será imune a chantagens, a pressões, venham elas da Europa ou das plateias dos teatros. Dos partidos ou dos donos do dinheiro. Nesse aspeto Demeter fica-lhe atrás, pois não há Hades que o trave, nem romãs que envenenem seu caminho em questões de ética e de justiça. Será apenas prisioneiro da sua consciência e do bom senso que o carateriza.’ O comum mortal lê esta obra – com subtítulos como ‘A força vibrante da coragem’ – e questiona-se se a Pátria merecerá tal paladino. E, mesmo no final, surge a resposta a essa questão: ‘A terra lusitana merece-o’.”
Dizer mais o quê? Que só um artista de tão nobre estirpe aceitaria deixar encher os escaparates com um tal escrito sobre si próprio? Ou, mais seriamente, que das duas uma: ou Rio perde o PSD e ficará para sempre na galeria dos quase heróis que só não escreveram a história porque a ingratidão do povo não permitiu; ou Rio vence o PSD e rapidamente vai mostrar quem não é à chusma de admiradores que nunca tiveram o azar de o ter por perto e no poder. Sim, porque este é o homem que em tempos criticou Passos e a sua governação financeira, mas que agora afirma alto e bom som que “faria igual a Maria Luís Albuquerque, ou pior”...
Um dos nossos bons jornalistas, Filipe Santos Costa, ilustrava-o há dias de modo bastante exemplar a propósito da leitura que se lhe impôs por razões profissionais da biografia do ex-autarca do Porto feita pelo seu shrink, um tal Carlos Mota Cardoso (foto acima) – cito: “Foi, confesso, a leitura mais penosa que fiz em muito tempo. É uma espécie de biografia, e uma espécie de retrato psicológico, e uma espécie de declaração de amizade e admiração a escorrer baba. É parecido com os relatos das vidas dos santos, com a diferença de que já nem as vidas dos santos são escritas em termos tão laudatórios.” E ainda: “Num dos capítulos finais, lê-se isto: ‘Rio será imune a chantagens, a pressões, venham elas da Europa ou das plateias dos teatros. Dos partidos ou dos donos do dinheiro. Nesse aspeto Demeter fica-lhe atrás, pois não há Hades que o trave, nem romãs que envenenem seu caminho em questões de ética e de justiça. Será apenas prisioneiro da sua consciência e do bom senso que o carateriza.’ O comum mortal lê esta obra – com subtítulos como ‘A força vibrante da coragem’ – e questiona-se se a Pátria merecerá tal paladino. E, mesmo no final, surge a resposta a essa questão: ‘A terra lusitana merece-o’.”
Dizer mais o quê? Que só um artista de tão nobre estirpe aceitaria deixar encher os escaparates com um tal escrito sobre si próprio? Ou, mais seriamente, que das duas uma: ou Rio perde o PSD e ficará para sempre na galeria dos quase heróis que só não escreveram a história porque a ingratidão do povo não permitiu; ou Rio vence o PSD e rapidamente vai mostrar quem não é à chusma de admiradores que nunca tiveram o azar de o ter por perto e no poder. Sim, porque este é o homem que em tempos criticou Passos e a sua governação financeira, mas que agora afirma alto e bom som que “faria igual a Maria Luís Albuquerque, ou pior”...
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