quarta-feira, 8 de novembro de 2017

DECLINAÇÕES EUROPEIAS


Após catorze meses de sucessiva evolução positiva, a confiança económica na Zona Euro acaba de atingir o seu máximo desde janeiro de 2001, i.e., desde que a união monetária começava a dar os seus primeiros passos.

E, no entanto, não se vê que surja à boca de cena quem procure séria e credivelmente cavalgar esta onda, amealhando através de propostas e práticas reformadoras de mudança a forte probabilidade de virem a acontecer futuros menos sorridentes.

A larga maioria da malta anda distraída com agendas e egos muito próprios (a difícil formação do governo alemão, as negociações e implicações do “Brexit”, as próximas perspetivas financeiras, o modo de lidar com o crescente europessimismo, os nacionalismos, a segurança, a sucessão de Juncker e a repartição partidária dos principais lugares e até, no nosso caso, uma eventual presidência “centenária” do Eurogrupo). Claro que há Macron e as suas elucubrações em torno de um “novo capítulo” e uma “nova Europa”, mas quanto mais o leio (veja-se, p.e., a sua entrevista publicada na última revista do “Expresso” – “precisamos de desenvolver o heroísmo político”!) mais dúvidas se me oferecem sobre o que verdadeiramente o anima (sem prejuízo de algumas considerações interessantemente críticas sobre os debates europeus – “disputas entre especialistas e advogados” – ou sobre estar-se “a deixar que fale sobretudo quem odeia a Europa”), assim como, e em especial, sobre as suas reais condições, energia e capacidade para fazer uma significativa diferença no sentido do que seria mesmo preciso estimular, carregar e levar a cabo para garantir mais resiliência à Europa e assim “salvar o sonho europeu”.

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