quarta-feira, 29 de novembro de 2017

EM NOME DA CAIXA


De tão explorada na desgarrada palavra de tantos, a ideia de um “banco público” vai sendo recorrentemente desgastada pela prática e pelas práticas dos seus sucessivos responsáveis. No caso vertente, e mesmo reconhecendo que estas “Conferências na Caixa” de Paulo Macedo mais não representarão do que um detalhe no oceano da atividade e dos problemas da CGD, aflige e chega quase a incomodar o ínfimo grau de abertura e pluralismo que marcam as escolhas dos organizadores para a discussão (?) de amanhã em torno do tema “Poupança, Investimento e Financiamento da Economia”.

Embora talvez a iniciativa corresponda somente a um pequeno fingimento para enganar alguns tolos e encher o olho a outros, não haveria mesmo ninguém em Portugal que pudesse ser convidado para colocar a debate outras perspetivas que não as dos alinhados participantes que irão desfilar pela Culturgest? Nem haveria alguém que pudesse ser considerado admissível e fosse dotado de uma maior efetividade de conhecimento real, exceção feita nesta dimensão aos experientes Carlos da ex-CMVM? Nem haveria algum académico perdido numa qualquer esquina deste País e a quem se concedesse a função de ser portador de posições de menor ortodoxia? Nem haveria algum político ou parlamentar com algo a dizer de audível na matéria, apesar da sua proximidade à área da chamada “geringonça”?

Confesso que nunca antevira em Paulo Macedo os traços de fechamento e dogmatismo que agora parecem despontar por via do seu patrocínio a um programa como este. Distração não será certamente e os acasos não acontecem assim...

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