sexta-feira, 17 de novembro de 2017

RÉPTEIS E AVES DE RAPINA


(Luís Afonso, “Sistema2”, https://www.ojogo.pt)

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

Depois do tanto ruído a que vimos assistindo desde há meses a fio, não resisto a um breve toque em registo futeboleiro: (i) se o objetivo que trouxe Francisco J. Marques para o palco mediático era o de abanar/abalar a imagem e a supremacia dos “encarnados” da Segunda Circular, ele já foi completamente atingido e a estratégia – se é que foi estratégia e eu até tenho as minhas dúvidas sobre isso – teve mesmo alguns contornos magistrais e dignos de um gabinete de consultoria comunicacional de primeira apanha; (ii) o amadorismo e a falta de rigor que grassam no futebol ficaram bem à vista perante a forma como os ditos “encarnados” foram reagindo (ou não reagindo) ao que se lhes ia deparando, ponto que demonstra também quanto o desporto-rei português ainda vive sob o signo dominante de uma sempre má conselheira arrogância, condimentada por umas boas pitadas de marialvismo e superstição; (iii) aflige a gritante incapacidade dos grandes responsáveis dos clubes que conseguem sequências interessantes de vitórias para desses ciclos retirarem consequências afirmativas sólidas (porque traduzíveis numa gestão inteligente da hegemonia), ou seja, efeitos que vão para além do curto prazo, da provocação gratuita ou do lucro fácil; (iv) também aflige a paupérrima qualidade da larguíssima maioria dessa nova e crescente classe de comentadores que insuportavelmente enxameia os canais televisivos nacionais (com especial destaque para as prestações tendencialmente apopléticas dos ex-adjuntos de Santana e Portas), bem como a ausência de um mínimo de capacidade por parte dos dirigentes para forçarem a estruturação de claques e federarem outras manifestações discursivas e de apoio; (v) o recente caso Piriquito ilustra o grau de infiltração da mediocridade e da falta de escrúpulos nas instâncias mais altas e machuca tristemente o bom trabalho que Fernando Gomes foi levando a cabo e a credibilização que a partir dele foi logrando. E as perguntas são: até quando vai a chamada “paixão futebolística” ajudar a suster este autêntico lodaçal? E haverá concerto possível? Quando os crentes começam a renegar...

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