(Finalmente a canícula moderada e a praia de Moledo
devolvida a toda a sua expressão, melhorada com a natureza que parece ter-se autocorrigido.
Dias excelentes para compreender a valia do conceito de espaço público)
Pela informação que
consegui obter não houve este ano qualquer intervenção pública na praia de Moledo.
Tenho memória de que há dois anos foi realizada uma intervenção de grande expressão
na zona da praia que coincide com a mata do Camarido, intervenção destinada a
proteger dunas, com colocação de almofadas gigantescas de areia. Não sei se por
reflexo remoto de tal intervenção se apenas por obra reparadora da natureza,
que resolveu fazer as pazes com Moledo, o areal surge este ano bastante alargado,
produzindo mesmo em praia-mar um areal bastante mais extenso.
Ontem e hoje, com a canícula
moderada que se instalou por estas paragens, bastante mais amena do que as temperaturas
que se anunciam para esse interior martirizado, a praia recuperou todo o seu
esplendor, democrático direi eu. As praias são ainda hoje um dos raros espaços
naturais em que o conceito de acesso público tem sentido percetível para as
pessoas, das mais comuns às mais sofisticadas. O espaço da praia num dia como o
do hoje é bem a ilustração das virtualidades do espaço público, gerando um
ambiente que costumo designar de democratização dos corpos.
Tenho a tese de que a
escassez destes dias constitui uma defesa natural das praias como Moledo, o combate
da banalização. O contrafactual seria desastroso. A raridade destes dias tem o
seu valor próprio.
E como nestes primeiros
dias de agosto o índice de concentração das tias e tios de Cascais ainda está nos
limites toleráveis tudo se conjuga para uma aprazível transição de regresso ao
trabalho e às exigências do dia-a-dia laborioso.
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