(A silly season
tem-se alimentado sobretudo de algumas arrogâncias ou ilusões governamentais,
sobretudo em relação às evidências de degradação do serviço público com os
comboios à cabeça. Mas
eis que senão quando a palhaçada vestida de verde irrompe na estação, combinada
com alguma justiça que se presta a este espetáculo.)
O futebol português no
plano comparativo internacional anda perdido e descobre todos os estratagemas
possíveis e imaginários para ocultar as suas debilidades e incompetências, que
são muitas e variadas, acolitando gente que à sombra da chamada gestão
desportiva se projeta acima das suas capacidades.
Ainda na quinta-feira, o
Sporting de Braga, aquele clube de que se fala para se juntar de vez ao trio da
frente, deu uma imagem paupérrima do futebol nacional, deixando-se eliminar por
uns curiosos da Ucrânia. Imagino a ira de António Salvador face à inépcia da
sua equipa. O Benfica não tem a entrada garantida na fase de grupos da Liga dos
Campeões, tudo dependendo de como vai gerir o inferno de Salónica. O FCP é,
neste momento, o projeto mais estável, mesmo que sejam reconhecidas as suas
debilidades financeiras de momento. Para já, é da prestação do FCP na fase de
grupos da Liga que se esperam alguns pontos para alimentar o bolo nacional.
Esperemos que Benfica e Sporting ganhem alguma embalagem e contribuam para o
bolo.
Entretanto as queixinhas
para os conselhos de justiça desportiva, e aqui me penitencio pela estratégia
suicida em que o SLB se deixou mergulhar, sucedem-se. Mas a melhor ilustração
da silly season é dada pela palhaçada
sportinguista em torno do drama de saber se Bruno de Carvalho é ou não
inimputável.
Em toda esta garraiada
sportinguista, o que me choca não é a emergência de personagens do tipo BC. O
caldinho em torno do futebol fora das quatro linhas que se foi acumulando ao
longo de todos estes anos tornou possível a emergência da personagem. Apareceu no
Sporting como poderia ter aparecido noutro clube qualquer e não foi sem apoio
popular que tal aconteceu. O que me choca verdadeiramente é o discurso de
alguns elementos da comunidade sportinguista que continua a considerar-se a
nata de todas as elites, como se BC fosse um epifenómeno na margem. Pois ao
contrário desses bem pensantes, fenómenos como BC fazem parte do futebol como ele
está hoje e no estado a que o deixaram chegar. Eu entendo que na comunidade
sportinguista haverá personalidades sempre que continuarão a proclamar que o
sistema de valores do velho Sporting está intacto. Pura ilusão. As realidades
dos clubes são hoje claramente heterogéneas. Nelas existe uma tensão permanente
entre o populismo mais saloio tipo BC e valores assentes numa cultura
desportiva onde não vale tudo para garantir uns minutos de fama. Por isso que
me perdoem alguns amigos sportinguistas que podem justamente interrogar-se por
que carga lhes saiu a fava. Mas se todos não travarem a fundo, o tempo será fértil
para outros BC, inimputáveis ou não.
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