sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A ESPANHA A BAIXAR OS BRAÇOS


A questão dos migrantes tornou-se uma das mais candentes da política internacional, ameaçando especialmente ter efeitos devastadores no dividido e periclitante quadro europeu que nos envolve. Neste quadro, a chegada de Pedro Sánchez ao poder em Espanha trouxe com ela a prometedora novidade da chamada España bonita, ou seja, a esperança de que a sua abertura pudesse permitir um compasso de espera que contribuísse para o encontrar de uma desejável via de solução consensualizada no seio dos 28 – uma esperança que rapidamente se esfumou perante as mais variadas posições nacionalistas e reacionárias ferozmente proclamadas por uma larga maioria dos países integrantes da União Europeia.

Três primeiras páginas do jornal conservador espanhol “ABC” – uma de junho, outra de julho e a mais recente deste agosto – mostram bem o recuo a que Sánchez se foi vendo forçado após os seus primeiros tempos de prova de vida e voluntarismo idealista e o respetivo resultado em termos de uma natural afluência crescente de migrantes ao destino Espanha – porque agora, já com campos de refugiados à vista, aquilo de que começa a falar-se à boca cheia é de um baño de realismo na política migratória do politicamente débil governo do PSOE. Que moral da história? Por um lado, o sempre duro confronto com a realidade – uma realidade que nunca deixa de ser mais complexa do que o que parece antes de nela se ter mergulhado; por outro lado, o reflexo inevitável do súbito surgimento de sinais de radicalização populista num país que ainda não tinha sido significativamente tocado pelos malefícios da demagogia e da mentira fácil; no fundo, e mais importante do que tudo, a impotência manifesta das forças democráticas e moderadas para um eficaz enfrentamento de um problema que cada vez mais as está a empurrar para um beco sem saída...

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