(Alguma informação sobre os equilíbrios/desequilíbrios
externos reportados a 2017, uma curiosidade para situar o ambiente de guerra
comercial que alguns asnos têm vindo a criar. Com a evidência
reconhecida pelo FMI que as economias avançadas marcam o contexto e com a variável
procura interna a condicionar os resultados)
O sempre perspicaz Timothy
Taylor (link aqui), no Conversable Economist,
leva-me ao relatório do FMI “External Sector
Report – Tackling Global Imbalances Amid Rising Trade Tensions” (link aqui),
com informação que transcende em muito o alcance do post de hoje. O relatório sintetiza
algumas evidências curiosas que tendemos a ignorar (porque variam com o tempo) sobre
o estado da arte em matéria de equilíbrios e desequilíbrios externos. O indicador
escolhido é o saldo da balança corrente, que engloba não apenas as exportações
e importações de bens e serviços mas também a balança de rendimentos líquidos
sobre o exterior.
A tabela que abre o post
compara, respetivamente, os 15 países com excedentes externos mais elevados e os
15 com maiores défices externos, ambos definidos em termos absolutos e em termos
de peso no PIB mundial e no PIB de cada país. Os dois grupos de 15 países dão
que pensar.
A Alemanha domina
claramente entre os excedentários dada a dimensão absoluta do seu excedente externo.
Todavia, são economias pequenas mas excedentárias como a Holanda, a Suiça,
Singapura, Taiwan ou a Dinamarca que apresentam excedentes mais relevantes em
termos do peso no seu PIB. Já no que respeita aos países com défices mais
elevados, a presença de economias avançadas é notória. O défice externo dos EUA
é, em termos absolutos, colossal, embora em relação ao seu PIB interno esteja
longe de ser dos mais representativos. Mas a presença dos EUA, Reino Unido, Canadá
e Índia nas quatro posições deficitárias mais importantes é um facto marcante. No
grupo dos deficitários, avultam também os países que o são dada a debilidade da
sua estrutura produtiva, como, por exemplo, a Argélia, o Egipto e Oman. Economias
emergentes como a Turquia, a Indonésia, o México e a Indonésia completam o
quadro dos mais deficitários no plano externo. Não deixa de ser também curioso
o facto da Itália e da França surgirem em campos opostos, a primeira excedentária
e a segunda deficitária. Não houve alguém que falou da crise de competitividade
italiana? Algo estranha face aos números.
Para uma leitura vesga como
a de Trump sobre o problema, a posição oposta da China e dos EUA salta à vista,
bem como a que resultaria se tivéssemos o valor do excedente externo para a União
Europeia que é muito próximo em valor absoluto do défice americano.
Tim Taylor é muito perspicaz
quando salienta do relatório do FMI o seguinte:
“De passagem,
é importante notar que os economistas do FMI explicam estas alterações nos
excedentes e défices externos correntes sem se referirem ao facto do comércio
externo ser mais ou menos justo, o que faz sentido, porque não se registaram
alterações relevantes nas regras comerciais ao longo do tempo. Pelo contrário,
focam-se na procura nos diferentes países em simultâneo com as escolhas em matéria
de política monetária e fiscal”.
Base para uma boa conversa.
(Correções ortográficas em 08.08.2018)
(Correções ortográficas em 08.08.2018)
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