domingo, 5 de agosto de 2018

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, SEJA!


O meu amigo António Figueiredo aflorou o tema e eu decido por correr atrás dele. Exatamente na sequência de o “The Guardian” e o “Libération” terem dedicado na semana transata algumas páginas elucidativas à matéria e de o “Le Monde” nos ter trazido, por estes dias, informação preciosa e indesmentível sobre o fenómeno – mas quem é que duvida das alterações climáticas perante esta canícula? –, através de uma chamada de atenção para elementos factuais e objetivos e da recolha de diversos dados quantitativos (“Aquecimento: 2017, ano de todos os recordes”).

Sublinho os mais chamativos: 2017 foi um dos três anos mais quentes jamais registados desde o final do século XIX; a atual concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera não tem precedentes nos últimos 800 mil anos; as temperaturas planetárias aumentaram entre 0,38 e 0,48 graus relativamente ao período 1981-2010; o nível da água do mar subiu 7,7 centímetros desde 1993; uma multiplicidade de anomalias climáticas (além da alta das temperaturas, e designadamente, a seca, a pluviosidade, o degelo, a atividade ciclónica, os incêndios) acontece de forma crescente, quase aleatória e sem grandes exceções geográficas.

O editorial do reputado jornal francês do dia em causa tinha por título “Ultrapassar a tomada de consciência” e concluía assim: “Os Estados não têm outra escolha senão a de agirem depressa e de interrogarem os modos de produção e de consumo que fazem dos homens os predadores da natureza”. Só que, e ao invés disso, a retirada dos Estados Unidos do acordo de Paris, decidida em 2017 pelo seu climatosceptique presidente (se quisermos ser benevolentes e moderados quanto à sua caraterização e às suas motivações), constituiu um criminoso recuo, um retrocesso totalmente inqualificável que a comunidade internacional vai denunciando das mais variadas formas e feitios mas que ainda não está manifestamente em condições de afrontar nos moldes que se justificariam e seriam devidos.


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