(cartoon de Jean Plantu, http://lemonde.fr)
Há quem diga que, nos seus momentos de maior recolhimentio sobre si próprio, o mais verdadeiro e visceral ódio de Trump resulta dirigido àqueles ayatollahs que ainda lhe trazem à memória o velho Khomeini e aqueles tempos revolucionários e de fundamentalismo religioso radical que destituíram em 1979 o Xá da Pérsia, Mohammad Reza Pahlavi. Seja ou não assim, o certo é que já lá vão quase quatro décadas de acontecimentos e forte mudança e que as realidades atuais são bem mais complexas do que o basismo primário do presidente americano parece querer sugerir – o acordo nuclear assinado com Ali Khamenei, que ele quis a toda a força denunciar para marcar uma diferença substantiva relativamente a Obama e uma pretensamente necessária viragem no modo de estar e na estratégia do mundo ocidental, fora uma conquista relevante alcançada pelas várias diplomacias nacionais então envolvidas (sobretudo a americana e europeia, por um lado, e a iraniana, por outro) e constituíra-se num contributo decisivo e promissor para a consolidação de uma entente pacífica à escala internacional. Trump vem agora dar mais um passo atrás em todo este processo, impondo sanções ao Irão num momento em que tal se torna particularmente melindroso para a economia daquele país e criando dificuldades importantes às empresas europeias detentoras de posições comerciais marcantes ou a operar naquela zona do Globo – neste quadro, e por uma vez, a reação de Bruxelas parece firme em defesa destes interesses e dos compromissos assumidos e adequada em nome da coerência dos princípios.
(Patrick Blower, http://www.telegraph.co.uk)
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