(A vertiginosa deriva em que a sociedade e a política
americana estão mergulhadas concedem à morte de Joe McCain um significado muito
para além de se lamentar o desaparecimento de uma vida humana. Nos tempos que correm, a saída de cena de McCain
tem algo de simbólico sobre a desagregação do partido Republicano à luz da
plutocracia populista)
A morte de
John McCain é aqui assinalada apenas pelo símbolo que ela representa do ponto de
vista da coerência de um republicano que não hesitou em dizer que o rei vai nu
e de cabelo espetado. Com sinal dos tempos, o partido Republicano terá
progressivas dificuldades em se identificar com um mural de personagens com o
carisma e a frontalidade política de McCain. Está por antecipar integralmente
qual o efeito na democracia americana que será provocado pela degenerescência do
partido Republicano, infestado quer por plutocratas como Trump ou representantes
de confissões religiosas. Não somos capazes de definir os contornos dessa
degenerescência, mas intuímos que vão ser desastrosos.
Mas nestas
coisas a imprensa americana, apostada em bater o pé aos perigos que a informação
livre e independente hoje enfrenta nos EUA de Trump, traz-nos sempre surpresas.
A que me chamou a atenção vem do VOX (link aqui) que identifica uma raridade
jornalístico-literária: em 2000, a revista Rolling Stone publicou um longo artigo
sobre a campanha de McCain (link aqui), em que toda a autenticidade do candidato
republicano é cuidadosamente analisada. Sabem quem é o autor desse longo
artigo-reportagem? Nada mais, nada menos do que o mítico e inclassificável escritor
americano, David Foster Wallace. A surpresa deste encontro jornalístico entre
Foster Wallace e McCain talvez seja o melhor guia para a sua autenticidade.
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