domingo, 19 de agosto de 2018

TURISMOFOBIA?



O “El País” de hoje chama a manchete a questão do boomdo setor turístico e de uma das suas mais contraditórias manifestações. Uma questão que se traduz em problemas reais, daqueles que existem e condicionam mesmo – e não são apenas os muitos que um recente trabalho da McKinsey (“Coping with Success – Managing Overcrowding in Tourism Destinations”) evidenciou (segundo gráfico acima) com base em palavras como densidade, intensidade, degradação, sazonalidade, concentração e pressão e destinatários como podendo ser o próprio visitante, o habitante local, a área visitada ou o património. Apesar dos anúncios permanentes de recordes em números de turistas, de dormidas ou de receitas associadas, há também uma dura realidade a encarar: a de que haverá uma dimensão estrutural e estruturante que não pode nem deve ser iludida no meio de tanto sucesso e essa é a dos seus reflexos em termos de precariedade social e em termos de uma sinalização desviante de possível afluxo fácil e duradouro de rendimentos e riqueza – em Espanha, por exemplo, o setor já ocupa 2,65 milhões de pessoas e já ultrapassou os números da construção à época da alta especulação imobiliária que culminou na crise de 2007/08, mas 35% dos contratos de trabalho em presença são temporários e o setor já conta por 13,7% do emprego total nacional (um peso que está visivelmente longe de garantir a necessária estabilidade e sustentabilidade à dinâmica da economia e, consequentemente, à respetiva evolução macroeconómica de médio prazo). Aqui está um tema a merecer atenção e tratamento urgente, ou seja, regulação pública (incluindo a comportamental) e estratégia económica e setorial.

(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)

(Pepe Farruqo, http://www.eleconomista.es)

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