terça-feira, 14 de agosto de 2018

HRVATSKA: PINCELADAS E IMPRESSÕES


Já aqui deixei subentender que a minha passagem deste Verão pelos Balcãs Ocidentais ficou acima das melhores expectativas que possuía à partida. Na Croácia de destino principal, oportunidade para conhecer quatro cidades diferentes, todas elas fascinantes: Dubrovnik (Ragusa), Split, Zadar e Zagreb. A primeira é o encanto de algum modo esperado (com a muralha de dois quilómetros em círculo a ser a mais imperdível das experiências), apenas perdendo pela multidão de turistas que percorrem a sua rua central e as ruelas estreitas, inclinadas e cheias de degraus (consta que são 5423 ao todo) que lhe são paralelas e perpendiculares; tem uma história própria em relação à do país, especialmente pelos quase cinco séculos em que foi uma república marítima libertada do domínio de Veneza (1358-1808, momento a partir do qual Napoleão ali reinou durante dezassete anos), mas também porque foi um alvo importante dos severos bombardeamentos sérvios da “Guerra da Pátria” dos anos 90 do século XX (só em 6 de dezembro de 1991 caíram sobre a cidade 2000 bombas, sendo vários vestígios ainda notórios).


De Split (nas quatro imagens de cima) já aqui falei há dias (post de 28 de julho), surpreendente e espetacular pelo palácio de Diocleciano, à volta do qual se desenvolveu a cidade ao longo de séculos absorvendo-o por dentro e utilizando as suas colunas e construções, e pela marcante influência veneziana que ostenta; as praias, visivelmente magníficas, só conheci de longe mas fiquei com vontade de um dia as frequentar na oportunidade de um cruzeiro pela baía de Kaštela (recomendaram-me a ilha de Korčula e a praia de Kasuni). Zahar (nas duas imagens de baixo, à esquerda e ao centro) é novamente pequena, mas igualmente cheia de charme (destaque para o “órgão do mar” e o “relógio de sol”, duas atrações que completam bem um prolongado pôr-do-sol que Hitchcock terá classificado como o mais belo do mundo); as ruas centrais, pedonais, são bastante interessantes e o ambiente é bem mais calmo e muito musical. Zagreb (imagem de baixo à direita), por fim, é já uma capital (embora com apenas 800 mil habitantes) e apresenta-se vienense no essencial da sua configuração mais notória; porém, se descoberta em passeios a pé vai mostrando diversos motivos curiosos e até admiráveis na sua separação entre uma “cidade alta” e uma “cidade baixa” nascidas a partir das colinas medievais que constituíam os domínios da Igreja e os da burguesia e eram separadas por um riacho hoje pavimentado e tornado o centro principal de convívio dos habitantes mais jovens.

Algumas notas finais, entre úteis e impressivas. A Croácia é um país membro da União Europeia desde 2013 e percebe-se bem in loco porque razão assim foi dada prioridade à sua adesão (e à da Eslovénia), do tampão geográfico à filiação católica. Os seus pouco mais de quatro milhões de cidadãos dividem-se entre os que querem também a entrada na moeda única europeia e os que prefeririam manter a sua kuna(são precisas mais de 7 para fazer um euro). A economia parece demasiado dependente do turismo, estando a ser envidados esforços sérios para lhe diminuir a enorme sazonalidade ainda reinante. Os mais novos dão crescentes sinais de deceção (a corrupção é uma das palavras que salta mais rapidamente em qualquer conversa) abandonando o país a ritmo preocupante (ouvi falar em 180 por dia, sendo a Irlanda o seu destino prioritário e contando já este país com uma colónia croata de dimensão superior à da capital de origem). E depois há a memória viva dos lados positivos da Jugoslávia de Tito nos mais velhos, percebem-se claramente o trauma e as marcas bem visíveis de uma guerra brutal que assolou toda aquela zona e é-se invadido por um conjunto imenso de referências de reconhecimento e orgulho pela prestação da seleção vice-campeã mundial de futebol encabeçada por nomes como os de Luka Modrić, Ivan Rakitić, Mario Mandžukić e Ivan Perišić, entre outros.

É chegado o momento de terminar com uma saudação agradecida a tudo e todos quantos me permitiram ser brindado com a sorte de mais esta viagem nesta corrida da vida: Hvala!

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