(Na cacofonia informativa que a questão dos incêndios sempre
suscita, por vezes, quase por milagre, emerge uma informação importante que
chega para devolver à indiferença muitos dos palradores desta praça.
Devemos estar gratos à RTP3, à Ana Lourenço que é o contrário de uma jornalista
incendiária (já não vejo jeito da vida me proporcionar um minuto de entrevista
com esta mulher) e ao Professor José Miguel Pereira do ISA.)
No meio de tanto
latido que nestes dias se tem ouvido sobre o incêndio de Monchique (a ignorância
espera sempre a sua oportunidade para se manifestar), há por vezes uma voz e
uma informação que vale a pena registar. Trata-se de ideias que deviam a partir
do momento em que são tornadas públicas fazer o reset de todo o debate,
devolver a ignorância aos seus esconderijos e partir para um debate sério.
O Professor José Miguel
Pereira do ISA, que não tenho o prazer de conhecer, e que é responsável pelo
estudo que determinava a serra de Monchique como o local de risco de incêndio mais
elevado, veio ao 360º com palavras certas e ideias seguras. Destaco sobretudo a
preciosidade desta. Corrigindo Ana Lourenço sobre a área ocupada no concelho de
Monchique pelo eucaliptal (44 e não 77%), o Professor José Miguel Pereira afirmou
que os dados da área queimada mostram que ela está em linha com a percentagem
das grandes categorias de ocupação do solo registadas. Ou seja, as áreas
ardidas de eucaliptal, de sobreiral e de mato estão em linha com a distribuição
anterior destas áreas de ocupação. Ou seja, usando as palavras do especialista,
o fogo mostrou boa boca, devastando tudo à sua passagem, não manifestando
qualquer preferência pelo eucaliptal como alguém se atreveria a adiantar. Ou
seja, a área ardida refletiu o padrão de ocupação do solo. Quer isto também
significar que, mais uma vez, a convergência de situações climatéricas desfavoráveis
produziu um fenómeno sem comparação com o observado em 2003. E isto também é um
bom ensinamento para contrariar algum conhecimento de experiência que alguma
população local tende a exacerbar para justificar a sua permanência nas habitações
que pretendem defender.
E perante esta
clarificação, há uma questão que nos deve merecer toda a atenção: teremos nós profissionais
especializados de combate a fogos florestais em situações climatéricas deste
calibre?
Há mais questões desta
natureza, mas teremos coragem de responder pelo menos a esta, deixando de uma
vez por todas de gastar a palavra notável?
Tudo o mais é ruído de
palradores para quem estas desgraças são o seu ganha-pão, até que lhe cortemos
o pio para melhoria da sanidade mental e auditiva de todos os portugueses de
boa-fé e interessados em ser bem e rigorosamente informados.
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