sexta-feira, 10 de agosto de 2018

UMA INFORMAÇÃO IMPORTANTE



(Na cacofonia informativa que a questão dos incêndios sempre suscita, por vezes, quase por milagre, emerge uma informação importante que chega para devolver à indiferença muitos dos palradores desta praça. Devemos estar gratos à RTP3, à Ana Lourenço que é o contrário de uma jornalista incendiária (já não vejo jeito da vida me proporcionar um minuto de entrevista com esta mulher) e ao Professor José Miguel Pereira do ISA.)

No meio de tanto latido que nestes dias se tem ouvido sobre o incêndio de Monchique (a ignorância espera sempre a sua oportunidade para se manifestar), há por vezes uma voz e uma informação que vale a pena registar. Trata-se de ideias que deviam a partir do momento em que são tornadas públicas fazer o reset de todo o debate, devolver a ignorância aos seus esconderijos e partir para um debate sério.

O Professor José Miguel Pereira do ISA, que não tenho o prazer de conhecer, e que é responsável pelo estudo que determinava a serra de Monchique como o local de risco de incêndio mais elevado, veio ao 360º com palavras certas e ideias seguras. Destaco sobretudo a preciosidade desta. Corrigindo Ana Lourenço sobre a área ocupada no concelho de Monchique pelo eucaliptal (44 e não 77%), o Professor José Miguel Pereira afirmou que os dados da área queimada mostram que ela está em linha com a percentagem das grandes categorias de ocupação do solo registadas. Ou seja, as áreas ardidas de eucaliptal, de sobreiral e de mato estão em linha com a distribuição anterior destas áreas de ocupação. Ou seja, usando as palavras do especialista, o fogo mostrou boa boca, devastando tudo à sua passagem, não manifestando qualquer preferência pelo eucaliptal como alguém se atreveria a adiantar. Ou seja, a área ardida refletiu o padrão de ocupação do solo. Quer isto também significar que, mais uma vez, a convergência de situações climatéricas desfavoráveis produziu um fenómeno sem comparação com o observado em 2003. E isto também é um bom ensinamento para contrariar algum conhecimento de experiência que alguma população local tende a exacerbar para justificar a sua permanência nas habitações que pretendem defender.

E perante esta clarificação, há uma questão que nos deve merecer toda a atenção: teremos nós profissionais especializados de combate a fogos florestais em situações climatéricas deste calibre?

Há mais questões desta natureza, mas teremos coragem de responder pelo menos a esta, deixando de uma vez por todas de gastar a palavra notável?

Tudo o mais é ruído de palradores para quem estas desgraças são o seu ganha-pão, até que lhe cortemos o pio para melhoria da sanidade mental e auditiva de todos os portugueses de boa-fé e interessados em ser bem e rigorosamente informados.

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