(No dia em que foi revista a linha que divide a Galiza de
Portugal (link aqui), apetece esquecer tratados e pensar nas preciosidades transfronteiriças,
especialmente gastronómicas. Escondida numa pequena elevação
sobranceira a Vila Nova de Cerveira, na quase perdida povoação de Eiras, a
Taberna o Lagar en Eiras é daquelas preciosidades que só os galegos sabem
cultivar, para nosso gosto e apreço.)
Não é
totalmente intuitivo chegar a esta preciosidade. É preciso atravessar a nova
ponte luso-espanhola de Cerveira e tomar uma via quase rural que atravessa a povoação
de Goiã, passar o centro cultural de As Eiras à esquerda, até encontrar uma
quase oculta subida para uma pequena elevação à direita, que é sobranceira a
Vila Nova de Cerveira. Julho é preferível a Agosto, pois sábado à noite só
tivemos marcação para as 11 espanholas, mas vale a pena. Gastronomia de tapas e
bocadilhos, muito sofisticada, neste caso assente numa estranha combinação de gastronomia
de inspiração asiática (as tempuras por exemplo, as de lagostins estavam ótimas)
com as especialidades tradicionais galegas. Um regalo para os olhos e para o palato,
completado por uma garrafa de Albariño Santiago Ruiz, também uma preciosidade
de uma pequena colheita de uma quinta que é uma pequena joia no Rosal e que a
Sogrape adquiriu quando comprou a Lan a um sindicato bancário espanhol. O café
de saco naquelas cafeteiras encarnadas que fazem as minhas delícias, com arábica
ou robusta à nossa escolha, completa divinalmente as sobremesas, entre as quais
continuo a preferir o naco de queijo Cebreiro com mel.
Não há linhas divisórias
de fronteiras, por mais modernas que elas sejam, que resistam à sedução do
palato. O Lagar é daqueles lugares que nem ao melhor amigo devia ser comunicado,
pois se ultrapassar a dimensão certa corre o risco de todos perdermos. Mas, por
outro lado, traz-nos sensações tão agradáveis que é crime não partilhar.
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