sábado, 12 de janeiro de 2019

11 DE JANEIRO DE 1944



(Efemérides leva-as o vento, dirão alguns. Nem todas valem a pena. Mas outras, pelo contrário, são por vezes alertas de toca a reunir, para noutros contextos, fazer reviver alguns princípios fundamentais. A declaração de Franklin Delano Roosevelt de 11 de janeiro de 1944 pelas ondas da rádio (que nostágico) representou na época um apelo de justiça que espero sinceramente chame à razão os Democratas americanos)

O artigo de Andrea Flynn e Susan R. Holmberg no The Nation (link aqui) não se limita a recordar um acontecimento político marcante de há 75 anos, com o anúncio do que ficou conhecido pelo Second Bill of Rights, subordinado ao seguinte princípio: “True individual freedom cannot exist without security and independence. Necessitous men are not free men (A verdadeira liberdade individual não pode existir sem segurança e independência. Os homens carenciados não são homens livres)”. Hoje dir-se-ia talvez que os indivíduos carenciados não são livres para integrar as questões de género.

Mas mais importante do que essas questões é a emergência entre os democratas americanos que tais ideias devem regressar ao coração da política progressista. O tema das necessidades básicas não é um tema do passado, embora ele tenha passado pela minha formação já há um bom conjunto de anos. Os tempos mudaram e a afluência não foi para todos. A plutocracia económica instalou-se no poder nos EUA e noutros cantos do mundo. A desigualdade económica está hoje nos EUA ao nível dos tempos da Grande Depressão e por isso é necessário que nos batamos por novas cartas de direitos.

Não é seguro que a batalha no interior dos Democratas seja ganha e que o medo de chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes os enrede de novo nas contradições da proximidade aos grandes centros de poder. Mas será a falar claro que socialistas e sociais-democratas poderão recuperar, não apenas nos EUA, o seu poder de representação dos mais atingidos pela nulidade dos pretensos efeitos de disseminação dos efeitos do crescimento e pela ilusão de que basta trabalhar no duro para assegurar a prosperidade.

Por isso, o artigo do The Nation recorda-nos uma daquelas efemérides que vale a pena.

Saúdo ao acaso dois tweets que não deixaram passar este alerta:




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