(Efemérides leva-as o vento, dirão alguns. Nem todas
valem a pena. Mas outras, pelo contrário, são por vezes alertas de toca a reunir,
para noutros contextos, fazer reviver alguns princípios fundamentais. A declaração de Franklin Delano Roosevelt de 11
de janeiro de 1944 pelas ondas da rádio (que nostágico) representou na época um
apelo de justiça que espero sinceramente chame à razão os Democratas americanos)
O artigo de Andrea Flynn e Susan R. Holmberg no The Nation (link aqui) não
se limita a recordar um acontecimento político marcante de há 75 anos, com o anúncio
do que ficou conhecido pelo Second Bill of
Rights, subordinado ao seguinte princípio: “True individual freedom cannot exist without security and independence.
Necessitous men are not free men (A verdadeira liberdade individual não
pode existir sem segurança e independência. Os homens carenciados não são
homens livres)”. Hoje dir-se-ia talvez que os indivíduos carenciados não são
livres para integrar as questões de género.
Mas mais importante do que essas questões é a emergência entre os
democratas americanos que tais ideias devem regressar ao coração da política progressista.
O tema das necessidades básicas não é um tema do passado, embora ele tenha
passado pela minha formação já há um bom conjunto de anos. Os tempos mudaram e
a afluência não foi para todos. A plutocracia económica instalou-se no poder nos
EUA e noutros cantos do mundo. A desigualdade económica está hoje nos EUA ao nível
dos tempos da Grande Depressão e por isso é necessário que nos batamos por
novas cartas de direitos.
Não é seguro que a batalha no interior dos Democratas seja ganha e que o
medo de chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes os enrede de novo nas
contradições da proximidade aos grandes centros de poder. Mas será a falar claro
que socialistas e sociais-democratas poderão recuperar, não apenas nos EUA, o seu
poder de representação dos mais atingidos pela nulidade dos pretensos efeitos
de disseminação dos efeitos do crescimento e pela ilusão de que basta trabalhar
no duro para assegurar a prosperidade.
Por isso, o artigo do The Nation recorda-nos uma daquelas efemérides que vale
a pena.
Saúdo ao acaso dois tweets que não deixaram passar este alerta:
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