Apenas alguns apontamentos avulsos sobre a grande “loucura” do momento na política portuguesa: o desafio de Luís Montenegro à liderança de Rui Rio no PSD. Reveladora do estado de fragilidade que crescentemente carateriza os partidos mais convencionais – em Portugal e um pouco por toda a parte –, esta guerrilha que LM veio abrir em cima de um PSD largamente descrente e desmobilizado tem tudo a ver com uma ambição pessoal que assim ficará selada para memória no próximo futuro; e também, como é óbvio, com ambições menos legítimas dos deputados mais dependentes de um lugar na bancada e que temem por um afastamento nas próximas listas a constituir. Depois, é igualmente claro que as movimentações em torno de LM indiciam uma vontade de regresso por parte da direita do PSD, ainda não refeita do choque com que foi surpreendida há três anos e ainda não capacitada para consciencializar – estas coisas deviam estar sujeitas a uma qualquer espécie de quarentena – o mal que fez ao País o poder exercido por Passos. Por fim, há que não deixar de sublinhar que este confronto (vai haver confronto?) sempre se saldará por um prejuízo para o PSD, qualquer que seja o seu chefe; mas, e pior do que isso, dele se podem prefigurar alguns cenários de evolução que culminem numa abertura escancarada da porta a populismos que sempre vimos como longínquos neste nosso “jardim à beira-mar plantado” – ou muito me engano, ou esse é o maior de todos os riscos associados a este processo...
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