(Breves reflexões sobre o confronto entre duas
personalidades da comunicação. Algum azedume na análise porque há géneros que me tiram do sério.)
Vi o Expresso da Meia-Noite num pequenino apartamento junto à Lx Factory
onde costumo ficar quando dá para combinar trabalho com a visita ao filho, nora
e netos lisboetas. Uma SIC Noticias que, ao que se ouviu, invoca mudanças de
grelha para colocar os patins no Quadratura do Círculo, estranha opção quando
Ricardo Costa e Bernardo Ferrão apadrinharam ontem um Expresso bafiento,
bolorento e sem a mínima chama para tratar de mente aberta a chamada crise do
PSD. Mas com bafio e bolor posso eu bem, é tudo uma questão de se atribuir ou
não importância ao que se ouve. Mas o que me tira do sério é o posicionamento
arrogante, elitista, desinformado de personalidades como Maria João Avillez. Há
gente que, por mais importante que tenha sido, ou o queira parecer, no passado,
não se mede, é incapaz de um mínimo de autocrítica, ouvir-se e perceber que
pertencem ao passado, independentemente de com quem tenham dormido, privado ou
simplesmente entrevistado. No meu referencial, a seu crédito só consigo
localizar uma crónica da personalidade sobre a morte de Eusébio, mas nem esses
valores (grandes) me fazem hoje condescender com tal personalidade.
Maria João Avillez encarna bem a razão pela qual tenho nutrido alguma
contraditória simpatia pela figura de Rui Rio. É uma reação por instinto ao
elitismo lisboeta que não pode com o líder do PSD, porque ele não concede as
batatinhas a que esta fauna está habituada, como se o pagamento do tributo
ainda fosse constitucional, ou como se estivesse escrito em algum lado que a
política só pode fazer-se a partir de Lisboa. Pois, perante a apatia de Ricardo
Costa e Bernardo Ferrão, a senhora destilou o seu cosmopolitismo lisboeta de
meia tijela, como se por esse motivo apenas Rio estivesse condenado. E o que é
lamentável é que a dita senhora tem o topete de enquadrar tudo isto numa
pretensa representação e invocação das grandes questões do país. O problema é
que quando foi instada a indicar essas grandes questões, a dita só conseguiu
balbuciar a medo algo parecido com políticas de educação e empresas, aliás num
registo que ninguém entendeu. Pelo contrário, toda a gente percebeu que aquela
referência era apenas formal, pois o motivo da rejeição era outro, era uma
questão de ADN socio-lisboeta que a dita personalidade considera uma espécie de
requisito mínimo para o exercício do poder. Para mim, Avillez integra aquilo
que para mim é a fauna dos merdeiros, uma espécie que continua a existir
abundantemente, em Lisboa, muita, mas também a norte, cujos merdeiros ainda
conseguem ser piores fora do seu habitat natural.
Nos últimos dias, a erupção do programa de Cristina Ferreira nas manhãs da
SIC e sobretudo a imprevisível chamada de Marcelo colocaram a nova estrela de
Carnaxide, nativa da Malveira, sob o fogo de alguns puristas, que andam
sistematicamente a escrever sobre o facto dos políticos andarem distantes do
povo e depois escarnecem de quem dele se aproxima. Sempre me impressionou o
profissionalismo televisivo de Cristina apesar das suas risadas e nunca vi
alguém ser desconsiderado nas suas conversas televisivas, o que para mim é
matéria decisiva para aceitar ou rejeitar uma personalidade. Dir-me-ão que as
duas personalidades não são comparáveis. Mas para mim entre uma profissional
que se faz a pulso e que interpreta a televisão do seu tempo e uma merdeira que
vive de galões do passado sempre apreciarei a primeira e abominarei a segunda.
Nota final: diverti-me imenso a ler os tweets
e comentários a um tweet de Pedro
Marques Lopes sobre a intervenção da dita senhora. É bom saber que se tem
companhia.
Sem comentários:
Enviar um comentário