sábado, 21 de maio de 2022

A ECONOMIA SEM AS SUAS ESSÊNCIAS

Sinal irredutível dos tempos e da sua leitura pelos sacrossantos mercados: a capitalização bolsista da Saudi Aramco superou há dias a da Apple, voltando a torná-la na empresa mais valiosa do mundo e assim materializando uma situação algo perversa em que a forçada evolução em alta dos preços do petróleo contribui para impulsionar os níveis acionistas do maior grupo mundial de energia enquanto a valorização do maior grupo global da área da tecnologia (que atingira, em janeiro passado, um valor recorde de capitalização, 3 biliões de dólares) perde alguma expressão (por via de reavaliações do setor motivadas pelos previsíveis efeitos sobre as despesas dos consumidores decorrentes das correntes dinâmicas da inflação e da política monetária, por um lado, e de supply shortages e confinamentos na China, por outro). Dito isto, e como é óbvio, comparações desta natureza ― designadamente entre empresas de iniciativa privada e significativamente “públicas” (no sentido de altamente dispersas no mercado) e gigantes de base estatal e com apenas uma pequena quantidade de ações em circulação (o Reino da Arábia Saudita detém 94% da empresa) ― são sempre largamente aleatórias e irrelevantes, mais não servindo do que para alimento de leituras primárias e pouco rigorosas das dinâmicas em curso naquelas que são as verdadeiras realidades económicas dos dias de hoje.

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