Recorro com a devida vénia ao feliz título do último editorial do “El País” sobre a decisão do rei emérito Juan Carlos no sentido de uma estranha incursão por Espanha, dois anos depois de se ter exilado mais ou menos voluntariamente nos Emirados Árabes Unidos em resposta defensiva a acusações graves sobre o seu envolvimento em diversos escândalos financeiros com alegado favorecimento pessoal.
A visita embaraçou visivelmente o filho Filipe VI (que quase teria preferido não o ter recebido quando ele bateu à porta da Zarzuela ― veja-se abaixo uma reconstituição caricatural disso mesmo), tanto mais que o pai não quis propriamente fazer uma passagem contida e familiarmente centrada mas antes optou por uma preferencial participação numa mediática prova de vela na Galiza.
O que está em causa neste fait-divers são dois verdadeiros anacronismos, o da monarquia enquanto instituto cada vez menos compatível com as crescentes e complexas exigências de sociedades modernas e o do juancarlismo em si mesmo enquanto produto de um envelhecimento pessoal mal sucedido ainda que entrecortado por aparentes bocados de alienação e boa vida.
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