Permita-se-me um breve momento de recreio, o qual mais não visa do que assinalar quanto a política à espanhola, sendo bem mais dura nas suas essências, é bem mais afetuosa do que a nossa na naturalidade dos seus procedimentos informais e relacionais (Marcelo descontado, é bom de ver e pelas más razões). Quem ousaria admitir uma foto jornalística de primeira página em que o primeiro-ministro saboreasse um beijo de felicitações da sua vice Mariana, como aconteceu entre Sánchez e Yolanda Díaz? Ou, talvez menos ainda, quem consideraria uma outra foto apresentando um abraço próximo entre o líder da oposição (digamos Rio por falta de alternativa, já que o PSD ainda continua a pensar) e uma das suas maiores apoiantes partidárias (da histórica Manuela Ferreira Leite às descobertas Catarina Rocha Ferreira e Sofia Matos ou até à poderosa assessora Florbela Guedes), como agradavelmente foi observado entre Feijóo e Isabel Ayuso? Não, nós não sabemos deixar de nos levarmos demasiado a sério e assim tornamos o nosso espaço público tão cinzento e acabrunhado que quase rigorosamente tudo é a doer, num desesperante misto de frieza, afastamento e autoritarismo.
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