sábado, 28 de maio de 2022

ACORDEM O RIO!

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt

Rui Rio pediu de modo incompreensível que o acordassem mais lá para o Verão, momento em que abandonaria uma liderança do PSD que se constituiu objetivamente num dos maiores flops partidários da história da democracia portuguesa. Quase tudo correu mal a Rio, exceto talvez o modo ainda mal explicado como conseguiu vencer Rangel numa disputa interna que lhe valeu o direito de se apresentar às últimas legislativas como principal opositor de António Costa ― aliás com os resultados catastróficos que se conhecem...

 

Agora que o Verão está aí à porta, é tempo de as hostes laranjinhas despertarem o não praticante ex-líder, estando de facto agendada para hoje a escolha entre duas alternativas de sucessão: Luís Montenegro, o ex-líder parlamentar de Passos e um confesso maçónico que declara não pretender ostracizar o “Chega”, ou Jorge Moreira da Silva, um ex-ministro de Passos que também andou pela OCDE e se afirma mais afastado da extrema-direita e mais preparado do que o rival por via do reformismo (?) de que foi capaz nas suas precedentes incursões pela política; ambos são nascidos a Norte, um a sul do Porto (Espinho) e outro a norte (Famalicão), embora pareça que o primeiro tem mais apoios fora de Lisboa e junto do aparelho do que o segundo, que tende a surgir como o candidato preferencial de uma certa “nomenclatura” partidária (Balsemão à cabeça) e da imprensa lisboeta mas também de um grupo significativo de próximos de Rio (opções bem mais pessoalizadas do que logicamente explicáveis).

 

Ou seja, talvez Montenegro pareça estar ligeiramente à frente nas casas de apostas mas não será de excluir uma surpresa vinda de Moreira da Silva. Sendo que, em qualquer caso, ou o vencedor (qualquer que ele seja) revela dotes insondáveis no exercício efetivo de funções (já que nenhum dos dois parece primar pelo carisma ou pela visão) ou estaremos perante uma disputa de previsível curta duração pela chefia de um PSD que, também porque os tempos e os enquadramentos mudaram significativamente, já não escapa da terrível “maldição” de não encontrar formas para lograr a aproximação ao poder que tanto lhe era própria nesse passado não muito longínquo que os seus militantes tanto anseiam ver de regresso sem contudo vislumbrarem como poderá ele emergir em tempo de vida útil.

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