Alguns analistas internacionais gostam de se debruçar, quase sempre com escasso conhecimento de causa, sobre o inner circle de Putin, muito frequentemente com o intuito de prognosticarem sobre as influências que sobre ele se poderão estar ou vir a exercer (seja no tocante a possíveis responsabilidades partilhadas quanto ao desencadear da sua “operação militar especial” e à evolução dos seus diferentes contornos tático-estratégicos, seja para uma avaliação de probabilidades em termos de mudança de lógica do posicionamento russo na Ucrânia ou de reações internas a desaires continuados, seja para efeitos de uma melhor perceção tentativa em relação a um hipotético e destrutivo carregar no botão vermelho da ação nuclear). As caras mais faladas são as abaixo reproduzidas, do falcão e seu fiel Dmitry Medvedev (agora ao leme do Conselho de Segurança da Rússia, depois de ter sido presidente e primeiro-ministro) ao seu estranho ministro dos Negócios Estrangeiros Sergey Lavrov (na posição desde 2004 e senhor de uma enorme experiência diplomática internacional) e ao seu forte ministro da Defesa Sergey Shoigu (aqui ladeado pelo chefe das Forças Armadas Valery Gerasimov), passando pelo insidioso porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov (uma eminência parda que só enganosamente se pode tentar apresentar como uma pomba cumpridora no meio de uma selva de malfeitores) e pelo general Alexander Dvornikov (autor máximo de tropelias hediondas na Síria e que foi entretanto nomeado para comandar as operações militares na Ucrânia). Não obstante, sou dos que tendem a entender que estes são apenas os rostos visíveis de todo um aparelho bem mais complexo onde pontuam personagens desconhecidos ou que funcionam preferencialmente na sombra; e se todos os referenciados são gente perigosa e pouco recomendável, os que estão por detrás da cortina serão seguramente gente sinistra e sem escrúpulos de qualquer espécie ― o que faz com que, se eu tiver razão nesta minha intuição, o mundo esteja pouco menos do que à mercê de insanidades angustiantes porque, sujeitas ou não a algum tipo interno de checks and balances, ostentam ascendências e formas de persuasão que resultam em poderes dominantemente descontrolados.
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