terça-feira, 31 de maio de 2022

LEMBRAM-SE DE TSIPRAS?

(Ilias Makris, em http://www.ekathimerini.com) 

Alexis Tsipras foi um agente político muito citado neste nosso espaço durante o período crítico da crise financeira europeia, a qual apresentou uma especial expressão e gravidade no seu país de origem (Grécia), onde desempenhava o cargo de primeiro-ministro. Foram tempos duros aqueles, tempos em que a presença grega no Euro esteve por um fio e em que a maioria dos nossos parceiros europeus se comportou bastante mal em relação a mínimos exigíveis de sensibilidade e bom senso (digamos assim) no tocante em geral aos países do Sul da Europa mais afetados (como também o nosso) e em particular à então ultrajada Grécia. O termo da crise foi acontecendo, como se recordarão, através de aproximações e cedências sucessivas da parte de Tsipras, iniciadas as mesmas com um confronto explícito entre ele e o seu ministro das Finanças (Yanis Varoufakis) mas ulteriormente reforçadas sob várias formas e pressões ainda não integralmente desvendadas nem compreendidas. Quando tudo acalmou e a Grécia teve eleições, Tsipras estava pessoalmente fragilizado e numa situação frágil, pelo que perdeu claramente a contenda com um Kyriakos Mitsotakis que se viria a revelar um primeiro-ministro excelente porque preparado, focado e moderado, não deixando assim grande margem de manobra a qualquer veleidade que o seu antecessor pudesse vir a querer exibir junto dos seus concidadãos. E assim tem a Grécia vivido estes anos mais recentes, sempre com Tsipras à espreita de uma oportunidade que não tem efetivamente aparecido que não seja na sua imaginação mais ou menos fulgurante, como julgou ter ocorrido há dias quando Erdoğan se declarou opositor manifesto de Mitsotakis. Ao que tudo indica, Tsipras não parece destinado a ter um futuro político muito mais auspicioso do que o de se gabar de ter sido um chefe de governo improvável e inescrutável naqueles anos irrepetíveis.

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