sexta-feira, 11 de agosto de 2023

AGOSTO POLÍTICO EM ESPANHA

No meio de uma nova vaga de calor abrasador, a Espanha vive um acidentado intermezzo político enquanto espera pelo grande desenlace em torno da investidura governamental. Sucedem-se diversas e variadas incidências nas autonomias, com algum destaque para o caso especial de Murcia a seguir-se ao da Extremadura como revelador sintomático do estado descontrolado a que Feijóo ― um Feijóo irreconhecível face ao seu trajeto passado e às expectativas que criara― deixou chegar o Partido Popular em matéria de política de alianças.

 

No essencial, o líder do PP lá vai fazendo o seu inglório papel de alegado detentor de um direito inalienável a governar por via de ter sido o mais votado nas eleições legislativas. Por seu lado, o líder da extrema-direita Abascal acabou também por se convencer de que lhe tinha de caber o sacrifício máximo de declarar o seu apoio sem condições a Feijóo para assim tentar impedir Pedro Sánchez de conseguir continuar no poder. No entanto, os nacionalistas bascos já vieram acabar com quaisquer ilusões da direita em relação a um possível acordo nesse sentido, mantendo a sua intransigente posição castigadora de um PP que consideram inconfiável porque demasiado maleável perante o Vox. E, assim sendo, tudo volta à primeira forma de um PSOE favorito à investidura, contando com um “Somar” desiludido mas basicamente conformado a aderir ao que tiver que ser e apresentando-se preferencialmente concentrado em empreender todos os seus esforços na perspetiva de encontrar um caminho favorável junto das formações nacionalistas em geral e sobretudo do “Junts per Catalunya” do estranho Puigdemont que, a partir do seu “exílio” de Bruges, exibe a sua inesperada força ao comando das operações de uma negociação (?) que dificilmente deixará de se saldar por uma saída pouco airosa para os melhores interesses da democracia espanhola.


(José Manuel Puebla, http://www.abc.es e Idígoras y Pachi, http://www.elmundo.es)

Sem comentários:

Enviar um comentário