terça-feira, 8 de agosto de 2023

O ANTICICLONE DISTRAIU-SE

 


(Depois de um início de agosto bastante ameno cá pelas bandas de Caminha, enquanto que largas zonas do país torravam com a subida das temperaturas que parecem ser cada vez mais o novo normal das nossas preocupações, o anticiclone parece ter-se distraído e mesmo esta ponta do noroeste peninsular parece ela também amarrada às altas temperaturas, mesmo assim distantes dos recordes a sul, como em Santarém. As previsões dizem que será sol de pouca dura, anuncia-se chuva já para quinta-feira e, por isso, esta canícula do meio de semana não dará para inverter o sentido profundo das coisas. de como Voltaremos assim ao ritual de fintar o vento norte, por vezes impetuoso e irritante, enfrentar a neblina, exercitar a imaginação para encontrar uma alternativa à praia, percorrer as esplanadas, vaguear, caminhar, passar o tempo.)

Sabemos que a identidade dos territórios vai ser profundamente alterada com a severidade climática. Com essa alteração de identidade mudarão também as nossas rotinas, seja de trabalho, seja de lazer. Por agora e por estas bandas do noroeste peninsular, com a proximidade simultânea do mar e do rio e com o sentido protetor do anticiclone, só circunstancial e pontualmente temos podido faze antecipar esse lamentável cenário. Água, verde, vento, neblinas, chuva a contragosto fazem parte da identidade deste território.

Não sabemos por quanto tempo e entre todas as ameaças possíveis talvez o avanço e subida das águas do mar seja a mais inquietante.

Até lá, o anticiclone vai-nos poupando.

Gozemos as suas distrações pontuais e ajustemo-nos ao normal temporário, talvez.

 

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