segunda-feira, 7 de agosto de 2023

NOVA ATUALIZAÇÃO DO RANKING DE COMPLEXIDADE ECONÓMICA (I)

Regresso um ano depois aos relevantes trabalhos do “Growth Lab” da Universidade de Harvard em torno da questão da “complexidade económica” de produtos e países (baseados nos contributos pioneiros de Ricardo Hausmann e César A. Hidalgo), recorrendo à exploração da mais recente divulgação do ranking de países associado ao Índice de Complexidade Econômica (ICE) ― que, como já aqui expliquei, pretende sistematizar a diversidade e sofisticação das capacidades produtivas incorporadas nas exportações de cada país e é encarado como possuindo um significativo grau de capacidade explicativa dos diferenciais de nível de rendimento entre países, sem prejuízo de todas as limitações sempre incorporadas em qualquer lógica classificativa desta natureza (no máximo meramente indiciadora das realidades sob enunciação).

 

O quadro-síntese abaixo reproduz os mais significativos resultados do ICE relativo ao ano de 2021, necessariamente revelando escasso grau de diferenciação face aos precedentes (quer pré-pandemia quer pós-pandemia, mesmo incluindo aqui os desiguais efeitos da recuperação económica observada nos diversos países). Nesta conformidade, os países mais complexos do mundo surgem como sendo duradouramente, e por ordem decrescente, o Japão, a Suíça, a Coreia do Sul, a Alemanha e Singapura, todos em posição de superioridade face a algumas potências que não deixam de aparecer igualmente em boas colocações (Reino Unido em 8º, EUA em 14º, Itália em 16º, França em 17º e China em 18º).

 

Registos dignos de nota são ainda os seguintes: (i) vários outros países europeus de média dimensão apresentam ordenações muito positivas, sendo 10 os que mais se destacam por surgirem entre os vinte primeiros do ranking (merecendo especial menção os quatro colocados no top-ten, a saber, Chéquia, Áustria, Eslovénia e Suécia); (ii) os países da Europa do Sul que não França e Itália revelam uma relativa fragilidade comparada (Espanha em 34º, Portugal em 35º, Chipre em 46º e Grécia em 50º); (iii) surpreendem (embora carecendo melhor aprofundamento) diversas algo inesperadas más posições, como sejam designadamente as do Canadá (41º), da Índia (42º), da Noruega (44º), da África do Sul (68º), do Brasil (70º) e da Austrália (93º).


Completo esta apresentação de resultados com algumas primeiras indicações sobre alguns comportamentos temporais (período de duas décadas e meia) dos diferentes países (gráficos abaixo). Emergem como evoluções mais notáveis, entre outras, as da Coreia do Sul ― espetacular na sua passagem do 21º posto para o 3º ―, Singapura, Chéquia, China, Roménia, Índia e Vietname, ao mesmo tempo que melhor se observam as situações de lenta perda (ou estabilização) dos grandes países europeus e dos EUA, para além da débacle brasileira e da América Latina em geral. Confirma-se também a relativa constância da posição portuguesa, a qual resulta algo minimizada perante a verdadeira quebra que é apresentada pela nossa potência vizinha.


Acrescentarei alguns dados adicionais sobre esta matéria, e muito particularmente sobre algumas previsíveis dinâmicas prospetivas, em próximo post.

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