Tudo foi mau no arranque da época futebolística portuguesa, assim como quase tudo está mal no que a enquadra em termos desportivos, financeiros, informativos e de gestão. O jogo foi disputado mas fraquinho, com o FC Porto a dominar completamente a primeira parte (mas sem qualquer capacidade concretizadora) e o Benfica a corrigir significativamente na segunda (sem que Sérgio Conceição (SC) tenha conseguido exibir a sua habitualmente inventiva habilidade tática, acabando mesmo por inventar sem critério). A arbitragem de Luís Godinho foi egocêntrica e exagerada em termos disciplinares, tendo-lhe ainda tido que valer algumas intervenções da VAR para evitar males maiores. O incidente com SC revelou-se profundamente lamentável a qualquer título de abordagem, tendo chegado a ser patética a sua recusa em sair do banco durante mais de cinco minutos sem uma aproximação explicativa do árbitro (que também esteve mal neste particular ao não encerrar por ali o jogo e ao acabar por vir de rabo entre as pernas ao encontro do treinador portista).
É claro que os nervos do colérico SC se ressentem dos tormentos que sofre com a forma como a administração da SAD vai gerindo as contas e a constituição do plantel, sendo absolutamente indiscutível o seu enorme e quase exclusivo mérito nos surpreendentes sucessos conseguidos nesse plano durante as últimas épocas, mas não é menos claro quanto a dita administração (ou, talvez melhor, Pinto da Costa (PC), como se viu na final da Taça de Portugal com o gesto desvalorizativo de SC em relação a um administrador) dele está refém para alimentar um status quo inviável por insustentável; redunda um ciclo vicioso que tem tudo para acabar mal, especialmente porque PC, Fernando Gomes, Adelino Caldeira, Vítor Baía e Luís Gonçalves já não evidenciam as condições de liderança para exercerem o poder naquilo que é essencial e mais substantivo para além do subserviente império do autoritarismo e do medo; e assim, como ontem se constatou, SC fica entregue a si próprio, sem uma voz de contraposição e alerta que pudesse de algum modo representar a autoridade legítima e o seu expectável papel na reposição da ordem e do bom senso por que cada vez mais anseia a maioria dos sócios e adeptos.
Por fim, a regulamentação desportiva e a imprensa. A primeira nas suas diversas e inconcebíveis expressões, das sanções disciplinares (no tempo e na quantidade) às nomeações arbitrais (na sua quase total e incompreensível discricionariedade e na impunidade subsequente). A segunda no seu doentio faciosismo centralista, tão visceral quanto estúpido. Não repisando nas horas e horas televisivas de comentário benfiquista sem conteúdo, tome-se o exemplo dos desportivos de hoje, os de Lisboa seguramente bem mais vendidos do que no dia anterior só porque chamam a título, mesmo que inapropriadamente, um “SuperBenfica” ou uma “SuperÁguia” e não, como faz o modesto “O Jogo”, que “no fim deu vermelho”.
Apetece mesmo deixar toda esta gente a falar sozinha, mas o facto é também que nós somos nós e a nossa circunstância. A ver se consigo atinar com uma postura consequente no meio desta barafunda!
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