Era uma morte anunciada, a de Progozhin. A única coisa que não se entende é a de um calejado assassino como ele ter sido néscio a ponto de o não ter percecionado e assim adotado a devida prudência; se é que tal esteve ao seu alcance, claro. Como quer que seja, várias morais ressaltam desta história do avião derrubado: o lado absolutamente implacável de Putin, matéria de que já não restavam grandes dúvidas; a mudança de estratégia que inevitavelmente ocorrerá por parte dos russos em relação aos mercenários que contrata para vário trabalho sujo nas frentes de guerra que vai abrindo pelo mundo (designadamente em África e no Médio Oriente); uma interrogação sobre o papel que ainda poderão ter os responsáveis do experiente Grupo Wagner, em especial no contexto ucraniano. Quanto ao mais, a guerra prossegue sem fim à vista: Putin parece crescentemente intimidado mas inexoravelmente determinado na prossecução dos seus fins, o “Sul global” mantém-se desligado ou à margem enquanto junta forças económicas para um outro futuro e o Ocidente lá vai cumprindo com o essencial embora não evidencie qualquer arremedo de um golpe de asa que permita virar o jogo a favor e até apresente sinais de potencial fragilidade perante as diferentes e ameaçadoras ondas de populismo que se sentem nos seus horizontes. A maior esperança, como abaixo sugere Nieto, ainda residirá naquilo que o fantasma de Prigozhin consiga fazer emergir em Moscovo...
(Patrick Chappatte, https://www.letemps.ch)
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