terça-feira, 1 de agosto de 2023

O PASSE NACIONAL

 


(Existe um largo consenso sobre a relevância que a valorização e disseminação do transporte público assumem no processo de descarbonização das economias, especialmente se corresponder a um incremento quer do transporte ferroviário, quer dos meios de grande capacidade como são os metropolitanos. Sabemos também que todas as medidas orientadas para a descarbonização das economias não podem ignorar o ponto de partida da desigualdade ampla que caracteriza hoje uma larga maioria das sociedades ocidentais. Neste contexto e reconhecendo que, frequentemente, as políticas públicas sentem dificuldades em passar da retórica dos discursos aos atos efetivos e impactantes, a medida de apoio aos chamados passes metropolitanos passou a constituir uma das mais emblemáticas medidas do governo socialista, com um profundo impacto nas movimentações casa-trabalho de muitas famílias, incluindo as de baixos rendimentos, que protagonizaram assim uma combinação inclusiva em torno do transporte público. Anuncia-me o JN de hoje que “o novo Passe Ferroviário Nacional válido para todos os comboios regionais, no valor de 49 euros, entra hoje em vigor, na sequência de uma proposta do Livre acolhida no Orçamento do Estado para este ano”. O âmbito de aplicação do passe não incide compreensivelmente nos comboios inter-regionais e urbanos, dado o passe de 49 euros não acumular com outros descontos, mas constitui pela sua dimensão nacional mais uma oportunidade de marcar pontos na lenta transição para o primado do transporte público e do ferroviário em particular.)

Ora aqui está um tipo de medidas que rompe com a desconfiança do “paroles, paroles” e marca bem o caráter promissor de um avanço inclusivo para a descarbonização. Não é justo obviamente fazer recair nos mais desfavorecidos o ónus principal das medidas de descarbonização. E a equação não parece difícil de resolver: taxar os mais ricos pelo seu contributo inestimável para os elevados níveis de emissões e apoiar os mais desfavorecidos na utilização de transportes de alta capacidade. Estou em crer que a maioria absoluta de Costa se deveu essencialmente a esta medida com um impacto considerável.

A orientação está dada. Há quem diga que em equipa vencedora não se mexe. Assim, também existem medidas de grande alcance que definem uma orientação que basta aprofundar.

Nota final:

A manhã nasceu húmida, até choveu, mas a leveza do ar não tem réplica possível, sobretudo atendendo à proximidade urbana de Seixas. E pena foi que as meninas “navegadoras” não tenham superado aquele maldito poste e ganho à equipa dos EUA, campeã do mundo. Seria a manhã perfeita.

 

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