quinta-feira, 5 de outubro de 2023

TAYLOR MADE

Mais uma grande noite europeia no Dragão, com o novo FC Porto de Sérgio Conceição (em construção) a ser brilhante na sua partida contra os campeões espanhóis. E, como é dito pelos insuspeitos e mais faciosos jornais de Lisboa (Correio da Manhã e Record) ou pelos dois desportivos da Catalunha, a derrota (que é afinal o que fica para a história, já que não existem vitórias morais!) só aconteceu porque Baró ofereceu um golo aos adversários (“assim dói”) e o árbitro inglês (Anthony Taylor, o mesmo cavalheiro que irritou Mourinho ao limite na final da Liga Europa do ano passado entre a sua Roma e o Sevilha) fez vista grossa a um penalti suficientemente claro. Em todo o caso, assisti no local a uma exibição compenetrada (un Porto enchufadíssimo, escreveram os catalães parecendo querer referir-se a um conjunto bem conectado) da minha equipa de coração (que não pôde contar com o centro da defesa titular, i.e., com os experientes e categorizados Pepe e Marcano) e confirmei que o plantel deste ano tem soluções para fazer uma época descansada e competitiva (pelo menos no plano nacional), sendo de destacar a aparente afirmação definitiva de David Carmo (finalmente!), a enorme qualidade do reforço argentino Alan Varela e o brilhantismo de Pepê (após tantas deambulações de lugar, agora chamado a jogar ao meio como melhor sabe), sem menosprezar o forte potencial que emerge claramente dos ontem suplentes Iván Jaime e Nico González e a utilidade complementar de João Mário, Wendell, Eustáquio e Evanilson (todos a subir), da gazela Galeno (a espaços dando lugar a Gonçalo Borges ou a Francisco Conceição) e do todo-o-terreno Taremi. Em futebol, não há certezas mas tenderia a apostar que, mesmo com João Pinheiro, Soares Dias e Luís Godinho (além de outros artistas portugueses) a dirigirem insensatamente alguns encontros decisivos (porque, como escreveu Miguel Sousa Tavares, “o que se passou (...) não deve ser coberto pelo diáfano manto dos comentadores adeptos dos grandes de Lisboa”), vamos dar luta aos autoproclamados campeões (também europeus se Deus quiser, lembrem-se declarações recentes de Rui Costa); os quais tinham, aliás, perdido na véspera pelo mesmo resultado contra o Inter em Milão, mas com uma segunda parte mais do que pálida, um treinador teimoso e pouco esclarecido e o guarda-redes (o tal Trubin, comprado à pressa para Schmidt poder recambiar Odysseas sem muita mossa) a ser o salvador de uma goleada que esteve à bica. Uma referência final à restante semana europeia, em que o Braga foi ganhar a Berlim com algum mérito no último minuto do prolongamento (embora pareça condenado a lutar pela qualificação para a Liga Europa, dada a sua diferença em relação aos dois poderosos do grupo, Real Madrid e Napoli) e o Sporting acaba de sofrer a sua primeira derrota da época ao perder em Alvalade contra a impressiva Atalanta de Gasperini. Resta deixar dito a terminar que foi ontem decidido pela FIFA que vamos ter partidas do Mundial 2030 em terras lusitanas (leia-se, Lisboa e Porto), o que não sei se virá a ser uma notícia especialmente de saudar.



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