Este post foi inspirado por uma peça ontem publicada pelo “El País” em que se procurava uma elucidação sobre o grau de dependência de “sol e praia” em que se encontra a economia espanhola, concluindo a mesma que são os serviços não turísticos (consultoria, telecomunicações e informática) os que mais se afirmam como impulsionadores das exportações (sobretudo no pós-pandemia); ou seja, como o título do referido texto avança, “a Espanha é mais do que sol e praia”.
Achei interessante o exercício e resolvi aplicá-lo a Portugal. Os gráficos abaixo traduzem o resultado que encontrei em qualquer das três versões equacionadas (dados mensais, estes necessariamente evidenciando o comportamento altamente cíclico das receitas turísticas mas não deixando de mostrar claramente uma forte tendência ascendente nos anos mais recentes; dados trimestrais, idem mas limitados pelo facto de o último trimestre disponível ser o segundo; dados anualizados, com 2023 a surgir menos rigoroso pelo facto de apenas contemplar uma projeção para o último quadrimestre): uma economia portuguesa bastante mais tributária do “sol e praia” do que a sua congénere espanhola, pesem embora as promessas de ligeiras inflexões ascendentes das exportações não turísticas registadas em dois dos gráficos. Ou seja, e como quer que seja, o nosso país evolui de modo continuado na sua dependência em relação à atividade turística (o tal “sol e praia”), que equivalia a 47,3% das suas exportações de serviços em 2022, enquanto aqui ao lado tal dependência vai sendo temporalmente mitigada, encontrando-se nos 43,3% naquele mesmo ano (para uma evolução em sustentada queda, dos 62% da segunda metade dos anos 90 para os 55% dos anos pré-pandemia deste século e a atual ordem de grandeza). Apenas um mero sinal mais da rigidez à mudança da nossa estrutura económica ou também, e dito de outra forma, da inércia da nossa acomodada governação.
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