Começa a ser claríssimo quanto Mário Centeno está a desenvolver uma muito própria agenda pessoal no seu exercício do cargo de governador do Banco de Portugal. Entrou em pezinhos de lã, após um difícil braço-de-ferro com o primeiro-ministro, foi depois começando por cumprir as suas obrigações formais sem grandes ondas e passou entretanto a explorar todas as oportunidades que lhe vão sendo oferecidas (como na questão da inflação e das taxas de juro, muito por via da sua presença nas decisivas reuniões do Banco Central Europeu, mas sempre procurando marcar posições a contento conjuntural, erráticas que sejam) ou que ele vai suscitando por iniciativa própria (como foi o caso daquela sua estranha “Nota” do início de setembro) para dar brilho a um protagonismo tão mediático, afirmativo e diferenciador quanto possível. Na semana que termina, Centeno voltou a assumir-se com relativo estrondo, aproveitando a apresentação das projeções de outubro do Banco que comanda para alguns avisos e comentários (seja a propósito de uma recessão que afirmara estar travada ou de uma recessão que afinal só não ocorrerá à custa do contributo do emprego, seja quanto à gravidade continuada do problema da habitação ou de umas bocas venenosamente difusas sobre a Saúde). O tempo dirá para onde o governador está a dirigir a sua mira (as especulações são múltiplas!), pelo que apenas me fico por ora pela recordatória associada ao significativo abrandamento da economia que foi evidenciado, contrariando assim todo aquele otimismo unanimista, que aqui denunciei em nome de uma azada precaução, relativamente a uma economia em que tudo repentinamente passara a estar bem e a recomendar-se; veja-se abaixo, sem prejuízo de que mais adiante ainda se verá (?), a bem mais dura realidade agora estimada, designadamente para o crescimento do PIB e das suas mais virtuosas componentes.
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