(Numa campanha eleitoral ao rubro, em que pode
discutir-se se a semana santa entra na política ou o seu contrário, há uma
regularidade que compara positivamente com Portugal, a emergência de novos
rostos para o combate político. E o que é ainda mais relevante é a revelação da mulher nessa emergência.)
Xosé Luís Barreiro Rivas tem uma crónica no seu estilo truculento na VOZ de
GALICIA (link aqui) sobre a inusitada coincidência da campanha eleitoral com a
semana santa de tanta expressão em Espanha. Estou com ele e com a sua conclusão
de que a solidez da democracia espanhola vai aguentar bem essa coincidência e
que os espanhóis mais devotos saberão separar as águas.
Mas na vertigem da campanha com toda a gente a querer morder os calcanhares
de Pedro Sánchez há novos rostos que se perfilam e, como seria de esperar dadas
as características da sociedade espanhola, alguns com uma autenticidade que já
não se vê muito neste mundo do politicamente cada vez mais correto.
Adriana Lastra, vice-secretária geral do PSOE e candidata pelo partido nas
Astúrias é um desses rostos que vai desfiando energia de aço mineiro ou não
seja ela alguém que se formou politicamente no interior da consciência sindical
mineira das Astúrias. Adriana acompanhou Pedro Sánchez no período de recuo da
vida política para ganhar força para um regresso de resistente e compreende-se
que esses traços de consciência mineira foram decisivos para dar força ao líder
para o combate primeiro no interior do PSOE derrotando Susana Diáz e depois
vencendo a moção de censura a Rajoy que o levou ao poder que defende hoje com
unhas e dentes.
Numa entrevista recente ao El País (link aqui), impressionou-me a sua
determinação e sobretudo a sua resposta à questão suscitada pelo jornalista
sobre o facto de não ter educação superior. Em tempos estranhos como os de
hoje, em que se plagia, se inventam formações à discrição, se envolvem
universidades prestigiadas em grandes argoladas de favor a políticos, se viciam
curricula, se alimenta a má consciência e outras investidas palacianas, ver
alguém que assume a sua não formação superior e não parece ver a sua ação
política desvalorizada por esse motivo é necessariamente alguém a seguir com
atenção.
Vejam como ela responde a uma das questões do jornalista:
“Es más roja que su chupa?
Soy muy de izquierdas, muy roja, sí. Tanto o más que mi
chupa.”
Chupa: peça de vestuário tipicamente espanhola, creio que de origem flamenga.
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