(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
A vitória de Zelenskij na segunda volta das presidenciais ucranianas, ademais por uma diferença quase escandalosa (não muito longe de três quartos contra um quarto dos votantes), é um sinal dos tempos incompreensíveis que estamos a viver. E não, não se trata apenas de desespero – que é manifesto, sabendo-se que a Ucrânia perdeu 6 milhões de habitantes permanentes nos últimos 15 anos e apresenta indicadores de vontade de abandono do país por parte de 54% dos seus jovens com idade até 25 anos – perante uma pobreza generalizada, a corrupção política e institucional em presença, a inconsequente figura e a incompetente gestão de Poroshenko e uma persistente guerra separatista altamente patrocinada pelos russos no leste do país. Porque o problema vai muito mais fundo, assenta nos próprios alicerces de um devir que está em (des)construção acelerada e que nos reserva o pior em sede de ausência de respeito por valores milenares e de cumprimento de mínimos em termos de estruturação social e de convivialidade coletiva. É o que temos, e só remotos indícios apontam para a possibilidade de vias alternativas surgirem nas décadas mais próximas...
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