(O sábado está para o recato. Tempo para divagações de
secretária e sofá, neste caso com dois produtos com cinquenta anos a separá-los.
Puro deleite. Um som
telúrico de raiva que nos entra pelas entranhas versus a nova estética de uma novela
gráfica sobre a solidão dos nossos tempos.)
A humidade entra pelas entranhas neste sábado que virou nevoeiro. Tempo
para recato e usufruição de compras mais recentes. Com contrastes ditados pela
separação do tempo.
Por um lado, a reedição pela SONY em dois discos de vinyl da gravação do
concerto de Janis Joplin em Woodstock a 17 de agosto em 1969. 50 anos passaram
mas a força telúrica do desespero de Janis ainda me deixa atordoado e parece que
o vinyl ainda lhe concede mais autenticidade. Um tumulto de sensibilidade que
se prologa para além do tempo.
Por outro lado, a novela gráfica de Nick Drnaso, à qual o Ípsilon do Púbico
dedicou ontem um amplo registo, coloca-nos perante a osmose dos campos
literatura e imagem gráfica, um registo contemporâneo para uma vivência
estranha da solidão e do abandono, dirão alguns a solidão em rede.
O desespero telúrico de Janis era talvez uma forma de solidão. A estética de
Drnaso é asfixiante, talvez uma imagem dos tempos que vivemos.
Bom sábado.
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