sábado, 13 de abril de 2019

JANIS E SABRINA



(O sábado está para o recato. Tempo para divagações de secretária e sofá, neste caso com dois produtos com cinquenta anos a separá-los. Puro deleite. Um som telúrico de raiva que nos entra pelas entranhas versus a nova estética de uma novela gráfica sobre a solidão dos nossos tempos.)

A humidade entra pelas entranhas neste sábado que virou nevoeiro. Tempo para recato e usufruição de compras mais recentes. Com contrastes ditados pela separação do tempo.

Por um lado, a reedição pela SONY em dois discos de vinyl da gravação do concerto de Janis Joplin em Woodstock a 17 de agosto em 1969. 50 anos passaram mas a força telúrica do desespero de Janis ainda me deixa atordoado e parece que o vinyl ainda lhe concede mais autenticidade. Um tumulto de sensibilidade que se prologa para além do tempo.

Por outro lado, a novela gráfica de Nick Drnaso, à qual o Ípsilon do Púbico dedicou ontem um amplo registo, coloca-nos perante a osmose dos campos literatura e imagem gráfica, um registo contemporâneo para uma vivência estranha da solidão e do abandono, dirão alguns a solidão em rede.

O desespero telúrico de Janis era talvez uma forma de solidão. A estética de Drnaso é asfixiante, talvez uma imagem dos tempos que vivemos.

Bom sábado.

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