Catarina Martins chamou-lhe porta giratória entre lugares políticos e administrações económicas e a matéria tem conteúdo efetivo, sobretudo num país como o nosso em que não existem filtros separadores suficientes nem condições objetivas para os introduzir em toda a plenitude necessária. Porque o problema – que se tem agravado a olhos vistos – está do lado de uma reforma política consistente e corajosa, uma reforma que considerasse também alguns mínimos em termos de pré-requisitos para a ocupação de cargos políticos (a situação atual é pouco menos do que confrangedora em termos de qualidade), uma diminuição do respetivo número, uma melhor remuneração dos que restassem e uma fiscalização séria e não mediaticamente determinada. Dito isto, não deixa de fazer impressão assistir ao conluio corporativo de algumas bancadas em relação a algumas matérias, assim como não deixa de impressionar o modo quase natural com que certas figuras políticas nacionais vão enchendo as máximas estruturas dirigentes de muitas empresas, sobretudo grandes e de capital estrangeiro, para nelas apenas prestarem serviços de abertura de portas (na melhor das hipóteses) ou de natureza lobista em sentido mais lato e menos transparente (na pior). Pessoalmente, acho que de uma coisa podemos estar certos: surgirão seguramente liftings, mas isto faz parte e não vai acabar...
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