(Uma digressão de rotina matinal pelo El Mundo traz-me uma notícia que em
si própria nos transporta para novas tendências de consumo e com surpresas. É de sapatilhas ecológicas que se trata, mas não
só.)
Que o mundo nos surpreende a todo o momento parece não haver dúvidas. O problema
é que, apesar de o reconhecermos, continuamos a querer interpretá-lo com as
mesmas lentes explicativas do passado e isso sai-nos sempre caro. Poderíamos falar
da greve dos combustíveis e dos riscos de paralisação do país na sequência do
arrojo de um sindicato novíssimo, que está fora dos circuitos rotineiros do
sindicalismo mais tradicional e esperemos que nada de mais estranho atravesse o
movimento para além do arrojo de quem começa com novas regras. Os jornais de
hoje estão cheios de comentários sobre esta súbita erupção de um movimento que ninguém
conseguiu antecipar e do qual podem resultar sérias implicações político-eleitorais,
já que nem toda a gente tem a honestidade de pensamento de Rui Rio.
Mas a notícia do El Mundo (link aqui) fala-nos do êxito de uma marca start-up de sapatilhas ecológicas
espanholas, as WADO (link aqui), muito na linha SNEAKERS anos 80. A imagem de
sustentabilidade ambiental veiculada pela jovem marca espanhola abrange a utilização
de pele com tratamento potenciador da biodegradabilidade e a plantação de duas árvores
por cada par de sapatilhas vendidas (Índia e Zâmbia). A marca é também conhecida
por ter mobilizado um processo de crowdfunding
de grande magnitude, estimado pelo jornal espanhol em 360.000 euros.
A marca de sustentabilidade é reforçada por este traço complementar e daí a
surpresa a que me referia: “The sneakers
brand that plants two trees for you.
Ethically made in Portugal”. Pois é
isso mesmo. As sapatilhas são produzidas em Portugal e o El Mundo assinala que isso
acontece na região do Porto (mais propriamente em Felgueiras, por informação do Américo Miguel Oliveira) e tal opção é apresentada como uma opção de redução
de emissões, assumindo a alternativa de não produzir as sapatilhas noutro
continente, normalmente o asiático.
E aqui temos uma boa ilustração de novas tendências na economia global, com
a região do Porto curiosamente envolvida no processo.
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