(Ainda sem a confirmação oficial de que o governo
britânico não vai conceder o estatuto de corredor aéreo turístico a Portugal,
embora com a BBC a sugerir essa não concessão, há um semipânico instalado nos
operadores turísticos sobretudo algarvios. Dá para perceber que a diplomacia futebolística terá sido uma mera ilusão.
Quando é que aprenderemos de vez com estes erros?)
A imagem de uma União Europeia fragmentada, atomizada e vidrada nos
corredores aéreos turísticos seletivos envergonha qualquer um. A perspetiva de
tentar resolver o problema turístico de cada um à revelia de uma solução global
de transição no quadro da União terá surpreendido o governo de António Costa,
demasiado envolvido na diplomacia Uefeira e convencido que a decisão de colocar
em Lisboa a estranha parte final da Champions serviria como uma espécie de
atestado sanitário muito CLEAN AND SAFE, tão importante ou mais do que o selo
improvisado pelas autoridades turísticas nacionais para sossegar os espíritos
dos nossos visitantes.
A Dinamarca e a Grécia abriram as hostilidades e o argumento de que
Portugal faz muitos testes, e por isso revela mais casos (parece impossível
como um líder como António Costa e políticos experientes como Augusto Santos
Silva caem nesta esparrela), não colhe pois a Dinamarca testa mais do que
Portugal. Os alemães iniciaram experimentalmente a ideia de corredor aéreo com as
Canárias e essa hipótese criou esperanças de que os ingleses pudessem fazer o
mesmo com o Algarve. Afinal, os Conservadores sabem que a sua gestão política da
pandemia foi péssima e, por isso, assegurar umas férias à população votante
podia ajudar a descomprimir o ambiente político no Reino Unido, onde já ninguém
parece lembrar-se que há uma negociação do BREXIT para concluir.
Mas nestas coisas qualquer falha de última hora é a morte do artista e o
surto de Lagos, fruto da estupidez e do oportunismo humanos, criou a primeira
perturbação, ao qual se seguiram o surto de Reguengos de Monsaraz e os números
do coração metropolitano da Grande Lisboa, mais propriamente da margem esquerda
do Tejo gerou uma imagem desfavorável a qualquer ideia de estabilização. O país
demasiado habituado a construir a sua própria imagem a partir da aglomeração da
capital (e em segundo plano do Algarve) segue a metáfora de “pela boca morre o
peixe”, manifestando uma extrema dificuldade de inverter a imagem criada pelo
surto de novos casos na capital. Afinal, a esmagadora percentagem do território
nacional tem o surto bem controlado e o país fica refém da perturbação no seu
coração metropolitano. Vários esforços diplomáticos terão sido realizados e até
o El País veio ajudar negativamente à missa fornecendo números de população
confinada em Lisboa exagerados, já que não desceram ao rigor das freguesias
atingidas.
Fica agora claro que a diplomacia do futebol (cheguei a pensar que o Fernando
Gomes da FPF chegaria a ministro dos Negócios Estrangeiros, substituindo o amigo
Augusto Santos Silva que joga demasiado às canelas para este futebol mais
diplomático) não chegou. Manifestamente, a decisão da UEFA concluir a Champions
em Lisboa não representou para o Reino Unido, Dinamarca e outros países o
equivalente a um certificado sanitário tipo CLEAN AND SAFE.
Só segunda-feira conheceremos a decisão oficial do governo britânico. Até
lá temos a notícia da BBC que anuncia o pior. O turismo algarvio vai tremer.
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