domingo, 28 de junho de 2020

A DIPLOMACIA DO FUTEBOL NÃO CHEGOU!



(Ainda sem a confirmação oficial de que o governo britânico não vai conceder o estatuto de corredor aéreo turístico a Portugal, embora com a BBC a sugerir essa não concessão, há um semipânico instalado nos operadores turísticos sobretudo algarvios. Dá para perceber que a diplomacia futebolística terá sido uma mera ilusão. Quando é que aprenderemos de vez com estes erros?)

A imagem de uma União Europeia fragmentada, atomizada e vidrada nos corredores aéreos turísticos seletivos envergonha qualquer um. A perspetiva de tentar resolver o problema turístico de cada um à revelia de uma solução global de transição no quadro da União terá surpreendido o governo de António Costa, demasiado envolvido na diplomacia Uefeira e convencido que a decisão de colocar em Lisboa a estranha parte final da Champions serviria como uma espécie de atestado sanitário muito CLEAN AND SAFE, tão importante ou mais do que o selo improvisado pelas autoridades turísticas nacionais para sossegar os espíritos dos nossos visitantes.

A Dinamarca e a Grécia abriram as hostilidades e o argumento de que Portugal faz muitos testes, e por isso revela mais casos (parece impossível como um líder como António Costa e políticos experientes como Augusto Santos Silva caem nesta esparrela), não colhe pois a Dinamarca testa mais do que Portugal. Os alemães iniciaram experimentalmente a ideia de corredor aéreo com as Canárias e essa hipótese criou esperanças de que os ingleses pudessem fazer o mesmo com o Algarve. Afinal, os Conservadores sabem que a sua gestão política da pandemia foi péssima e, por isso, assegurar umas férias à população votante podia ajudar a descomprimir o ambiente político no Reino Unido, onde já ninguém parece lembrar-se que há uma negociação do BREXIT para concluir.

Mas nestas coisas qualquer falha de última hora é a morte do artista e o surto de Lagos, fruto da estupidez e do oportunismo humanos, criou a primeira perturbação, ao qual se seguiram o surto de Reguengos de Monsaraz e os números do coração metropolitano da Grande Lisboa, mais propriamente da margem esquerda do Tejo gerou uma imagem desfavorável a qualquer ideia de estabilização. O país demasiado habituado a construir a sua própria imagem a partir da aglomeração da capital (e em segundo plano do Algarve) segue a metáfora de “pela boca morre o peixe”, manifestando uma extrema dificuldade de inverter a imagem criada pelo surto de novos casos na capital. Afinal, a esmagadora percentagem do território nacional tem o surto bem controlado e o país fica refém da perturbação no seu coração metropolitano. Vários esforços diplomáticos terão sido realizados e até o El País veio ajudar negativamente à missa fornecendo números de população confinada em Lisboa exagerados, já que não desceram ao rigor das freguesias atingidas.

Fica agora claro que a diplomacia do futebol (cheguei a pensar que o Fernando Gomes da FPF chegaria a ministro dos Negócios Estrangeiros, substituindo o amigo Augusto Santos Silva que joga demasiado às canelas para este futebol mais diplomático) não chegou. Manifestamente, a decisão da UEFA concluir a Champions em Lisboa não representou para o Reino Unido, Dinamarca e outros países o equivalente a um certificado sanitário tipo CLEAN AND SAFE.

Só segunda-feira conheceremos a decisão oficial do governo britânico. Até lá temos a notícia da BBC que anuncia o pior. O turismo algarvio vai tremer.

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