sexta-feira, 5 de junho de 2020

TENHAM CORAGEM, PORRA!



(Bem fizeram o Presidente Macron e as autoridades francesas terminando a época futebolística em França antes da sua conclusão desportiva. Os franceses e o seu governo têm coisas bem mais importantes em que pensar e saúdo essa avaliação de prioridades. Por cá, infelizmente, coragem para esse tipo de decisões é um recurso bem escasso.)

Bastaram uma ou duas semanas e o ambiente rapidamente se toldou para dar azo a uma chinfrineira insuportável como sempre e dando trabalho a um conjunto de mentecaptos que consomem energia coletiva tão necessária para outras frentes. Tudo regressa aos mesmos padrões e para cúmulo tão mal se joga, benza-os escolham por aí alguém capaz de tal proeza.

O futebol é um mundo em que não é possível a distinção entre santos e pecadores. Faz tudo parte da mesma roda (des)dentada e a violência, sempre a violência, regressa por efeito de um resultado abaixo das expectativas, por uma grande penalidade que fica por marcar ou que é indevidamente marcada, até porque uma bola vai ao poste e não entra como estaria nos astros. Sempre que essa violência regressa, os jornais e os comunicados ficam recheados de testemunhos garbosos reclamando justiça e as virgens ofendidas vêm a terreiro. Mas na prática nem uma palha é mexida. Afinal de contas, tudo isso faz parte do espetáculo montado e sem esse espetáculo os tais mentecaptos perderiam audiência e o emprego.

Desta vez foi o autocarro do Benfica que foi alvo da violência. Poderia ser outro qualquer. Tudo como dantes. Lá tivemos as grandes afirmações do costume. Alguém de bom senso acredita que seja difícil identificar os energúmenos que se passeiam pelos campos de futebol? Não me ofendam a inteligência, por favor! Sem um mínimo de coragem para decisões com algum impacto dispensam-se proclamações do género.

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