(Um tweet de Adam Toze leva-me de novo ao confronto dos modelos
sociais americano e europeu. A informação é suficientemente contrastada para me
atrever a perguntar: será que como Europeus teremos a convicção de que a defesa
dos nossos valores pressupõe obrigatoriamente menos nacionalismo e mais cooperação?
As variáveis em causa neste confronto são a despesa
pública na segurança policial e nas prisões, compreensivelmente sugeridas pelo
momento atual dramático em que a sociedade americana está mergulhada.)
O Twitter é um mundo e um tweet de Adam Toze levou-me a um blogue designado
de “Skeptical Libertarian” e a um artigo de um tal Daniel Bier (link aqui).
Aí se comparam os modelos americano e europeu, a partir de duas variáveis
muito simples, mas regra geral pouco documentadas na opinião pública.
Compara-se a despesa pública em forças de segurança policiais e em prisões.
Nos EUA, a evolução da despesa pública em segurança social e da taxa de
encarceramento é brutalmente elucidativa, à descida de uma corresponde o aumento
da outra. Sabemos que apesar da sua relativamente baixa percentagem na
população total americana, a população negra está profusamente representada
nesse recrudescimento do encarceramento.
Comparando os EUA e a União Europeia, percebe-se que esta última gasta mais
33% em segurança policial do que os EUA e menos 60% em prisões. O rácio
comparativo é de 5 para 1 na União Europeia e de 1,5 para 1 nos EUA.Claro que uma análise de rácios não é suficiente. Teremos de compreender se os valores absolutos da despesa pública em segurança policial e em prisões são os suficientes. Mas o confronto é claro.
Os números falam por si.
E a pergunta inevitável para alguns tolinhos da contestação europeia é a
seguinte: será que essas boas almas pensam que poderemos garantir a permanência
destes valores num quadro de recrudescimento do nacionalismo na Europa e à
custa dos esforços isolados de cada país?
E perguntaria mais: o que estamos dispostos a fazer para garantir estes
valores diferenciadores da cultura europeia?
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