(Fernão Campos, http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt)
Já não estamos longe de um momento que será certamente determinante no quadro do chamado “processo das rendas excessivas da EDP”. A figura de proa do dito é, obviamente, aquele que é o presidente da empresa há mais de catorze anos (depois de ter sido ministro das Obras Públicas de Santana Lopes, na sequência de uma evolução profissional relativamente heterodoxa que incluiu uma predominância da atividade académica – assim o conheci na Católica, assistindo Ernâni Lopes –, uma passagem pela vice-presidência do ICEP, uma prolongada presença na administração do BESi e incursões na área da energia através da Gás de Portugal, da Transgás e da Galp). Outros nomes relevantes do processo são os de João Manso Neto (que conheci há anos largos na área internacional do BPA de João Oliveira, onde era tido por ter tanto de estranho quanto de genial), João Conceição, Artur Trindade e Miguel Barreto, havendo quem diga que o largamente referenciado Manuel Pinho poderá passar entre os pingos da chuva (ou não?). Veremos até onde vai a acusação concreta ao gestor mais bem pago do País e tomaremos naturalmente boa nota das incidências vindouras, uma vez que desconhecemos com rigor os contornos do caso judicial em apreço; sem prejuízo, há um dado objetivamente adquirido e que sempre se lamenta pelo que prenuncia em relação ao funcionamento da Justiça e do Estado de Direito que nos prezamos de ser: porque, em termos de ruído na opinião pública, António Mexia dificilmente escapa a ser adicionado, justa ou injustamente, ao grupo dos culpados avant la lettre de uma dependência face às diretrizes então alegadamente emanadas de Ricardo Salgado. E assim continua a ser interminável a sucessão de suspeitas que vão sendo levantadas e exploradas em torno daquele que foi chamado de “dono disto tudo”; umas mais comprováveis e comprovadas do que outras, também pela complexa diversidade dos respetivos tempos e modos, é caso para nos interrogarmos uma vez mais sobre até que ponto algum dia alguém conseguirá deslindar o essencial do tão dissimulado puzzle montado em Portugal entre a última década e meia do século XX e a primeira década e meia do século XXI.
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