A sondagem ontem divulgada pelo “Jornal de Notícias” coloca, pela primeira vez na história da democracia portuguesa, um partido populista de extrema-direita no pódio das intenções de voto. O que não é, de todo, coisa de somenos. E para quem andou por aí a proclamar aos quatro ventos a especificidade de um certo progressismo nacional, eis a crua e inevitável resposta; porque as matérias de sociologia eleitoral são pouco atreitas a palpites inconsequentes e não obedecem a “achismos” mais ou menos patrióticos, antes resultam de tendências pesadas que vão sendo mais ou menos rapidamente afirmadas e consolidadas. Mas, obviamente, nada disto nos impede de lastimar profundamente o facto.
Ademais, a sondagem também deixa no ar um cheirinho a apontar para algum espaço de ajustamento por parte dos eleitores, com o Chega e o Bloco em aparente queda no contexto pandémico e o PCP e o PAN a surgirem em aparente posição de refúgio nesse quadro. Tudo a revisitar e confirmar no mês que vem, tal como a justa avaliação positiva dos inquiridos quanto à gestão da crise por parte do Governo e ao respetivo reflexo em termos das intenções de voto no PS, colocando-o nas bordas da maioria absoluta. Sendo por sua vez certo que, se olharmos mais para a frente no tempo, nada nem ninguém nos conseguirá fornecer chaves para uma qualquer previsão que não seja pautada por incertezas, hesitações e movimentos bruscos.
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