domingo, 21 de junho de 2020

CARLOS RUIZ ZAFÓN


(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

Assinalo aqui a morte, aos 55 anos e em Los Angeles, de um dos meus escritores de culto. Com efeito, o seu “A Sombra do Vento”, lançado em 2001, é para mim uma das grandes obras de ficção das últimas décadas – tendo por referência a cidade natal do autor, Barcelona, e reportando-se à época franquista, aquilo de que verdadeiramente ali se trata é de livros e do seu imenso poder (simbólico e não só), o que surge bem ilustrado pelo misterioso “Cemitério dos Livros Esquecidos”, uma biblioteca secreta e labiríntica a que acede o pequeno Daniel e onde estão depositadas obras abandonadas pelo mundo e ele encontra um exemplar de um autor catalão, intitulado precisamente “A Sombra do Vento”; é este que o conduz à trama fascinante e eletrizante da procura de mais livros da mesma autoria, comprovadamente escritos mas sistematicamente queimados. Um livro maravilhoso, comovente e quase poético, a que se seguiram três (“O Jogo do Anjo”, 2008; “O Prisioneiro do Céu”, 2012; “O Labirinto dos Espíritos”, 2017) para completamento da sua mais reconhecida série (e sem prejuízo da qualidade de outros, anteriores ou mais recentes). Uma morte injusta e mais que prematura, que ocorreu quase simultaneamente à da Paula, uma cunhada cuja bondade e suavidade não quero deixar de mencionar sem mais.

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