segunda-feira, 29 de junho de 2020

O ZÉ MANEL


As incidências da vida e da morte aqui por perto têm-me mantido afastado deste espaço. Em mais um S. Pedro aziago, a juntar a outros de má memória, o vazio alastra com o desaparecimento quase súbito de um familiar de referência e de um amigo verdadeiro. Desculpar-me-ão os nossos leitores que aqui sinta necessidade de vir fazer, embora sem grandes alardes, o elogio de um homem que marcou presença forte nos últimos trinta anos da minha existência. E recordo já com saudade a sua paixão pela Eduarda, o seu amor fraternal à prima, a sua inteligência prática e o seu sentido das prioridades essenciais, a sua sociabilidade e permanente disponibilidade, o seu gosto pelas incursões poveiras, a sua especial relação com os animais, o seu inexcedível entusiasmo pela ferrovia e pelos comboios, o seu jeito radical para o bricolage de toda a ordem e qualquer sofisticação, entre tanto e tanto mais. Acrescentar o quê que não seja assumir as desesperantes limitações desta passagem?

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