(A União Europeia acaba de publicar os resultados do
European Innovation Scoreboard 2020 que colocam Portugal numa progressão com
significado entre 2012 e 2019, ocupando agora o estatuto de Inovador Forte. Para além destes números irem alimentarem novas perspetivas sobre os
extremos portugueses, capazes do melhor e do pior, o que é fundamental é pensar
nas razões e ensinamentos que estes resultados nos trazem.)
O índice compósito da União Europeia (LINK AQUI) concede-nos uma evolução apreciável
entre 2012 e 2019, passando de uma posição de 85% face à média europeia para um
valor de 105%, o que em seis anos é obra. Sabemos que estes valores só foram
possíveis porque o país abandonou à força o mito de que a aglomeração de Lisboa
era o nosso único poço de inovação, para compreender a efetividades dos
sistemas regionais de inovação do Norte e do Centro, puxados por territórios
como a Área Metropolitana do Porto, o Ave, o Cávado, a região de Coimbra, a
região de Aveiro e o Oeste. E que os Fundos Estruturais foram os grandes
impulsionadores de tal mudança.
Podemos questionar que razões essenciais explicam esta evolução positiva.
Diria que três fatores essenciais o explicam: (i) a persistência das políticas
públicas desde o bem preparado QREN 2007-2013 que colheu frutos de medidas estruturais
em períodos anteriores, cobrindo um espectro do melhor que a literatura reconhece
em matéria de políticas de inovação; (ii) a excelente reatividade de um
conjunto de empresas, incluindo um tecido regenerador de PME, envolvidas em
combinações virtuosas de inovação-internacionalização; (iii) a significativa
alteração das condições de transferência de conhecimento para as empresas, com
emergência de instituições e de culturas de mérito apostadas nessa
transferência e na atenção ao conhecimento sintético produzido nessas mesmas
empresas.
O caminho está traçado. Só é necessária a persistência de orientações e trazer
mais empresas e instituições a esse caminho, compreendendo que as exigências do
estádio de inovação vão aumentar.
Registo ainda que os três indicadores em que Portugal regista o seu melhor
desempenho são os seguintes:
- Inovações processo e produto em PME – 177,0 para 100 da EU;
- Inovações em marketing e dimensões organizacionais – 151,8;
- Inovações in house em PME (concretizadas no interior das mesmas) – 195,2.
Dos restantes indicadores só a penetração da banda larga se aproxima destes
valores.
Um país diferente? Sim, em construção, sobretudo se a persistência das
orientações continuar. Mas cuja evolução não resolve magicamente os problemas
de quem e dos territórios e organizações que não conseguem acompanhar esta
dinâmica. Por isso, uma estratégia com duas mãos persistentes.
Parece simples, mas não é.
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