sexta-feira, 23 de outubro de 2020

LOUVOR A FRANCISCO


A declaração do Papa Francisco apoiando a união civil de casais homossexuais (“são filhos de Deus e têm direito a uma família”) representa mais um gesto inclusivo (houve quem lhe chamasse protetor) do que qualquer abertura de uma revolução com verdadeiro impacto na inamovível estrutura conservadora da Igreja Católica. Não deixa, por isso, de constituir um ato de grande coragem e um facto de enorme relevância simbólica. Na realidade, em tempos de desvario pandémico e de uma gravíssima crise económico-social que está ainda nos seus preliminares, Jorge Bergoglio mergulhou nas suas origens referenciais para trazer um incontestável e louvável contributo pacificador para o seio da conturbada sociedade mundial destes dias e isso, só isso, já é digno de aplauso e reconhecimento por si só. Coisa diferente, e não é dela que o Papa falava, seria conseguir penetrar mutacionalmente as catacumbas do edifício clerical de Roma (desde o casamento dos sacerdotes à ordenação sacerdotal de mulheres); o que ainda ensaiou mas algo de que manifestamente desistiu por ausência de condições concretas.



(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)

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